Governo dá mais 72 milhões de euros para residências estudantis. Meta é ter 26 mil camas em 2026
O Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior vai receber um reforço de verbas, para levar a cabo 134 projetos de obras de alojamento estudantil. Os primeiros contratos foram assinados esta quinta-feira.
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António Costa quer pôr "mãos à obra" e aumentar a oferta de alojamento para os estudantes do ensino superior. O Governo anunciou, esta quinta-feira, que vai reforçar a verba original do Plano de Recuperação e Resiliência para subir o número de camas disponíveis de 15 mil para 26 mil até 2026.
Aos 375 milhões de euros que estavam já previstos no Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior, para a construção e reabilitação de residências estudantis, o Governo juntará mais 72 milhões para levar a cabo os 134 projetos que receberam luz verde.
Os contratos para a primeira leva de obras (23 novas residências e 96 reabilitações, que representam 15.800 camas) foram assinados esta tarde, na Academia das Ciências de Lisboa, numa cerimónia que contou com a presença do primeiro-ministro, António Costa, da ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, e ainda da ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva.
Elvira Fortunato fala no "maior investimento de sempre em residências para estudantes". "No total, serão intervencionadas 18.239 camas, sendo destas 11.795 novas camas e 6.444 camas reabilitadas", referiu.
Atualmente, de acordo com os dados do Governo, as residências estudantis cobrem apenas 14% dos 108 mil alunos deslocados. O primeiro-ministro reconhece que as necessidades de alojamento dos estudantes têm sido postas em causa.
"Sabemos bem como a liberalização do mercado da habitação é irreversível, mas aumentou significativamente a pressão sob o custo do alojamento, e como o crescimento da procura turística do nosso país tem pressionado muito o preço da habitação, de quartos, de habitações convertidas em alojamento local", notou António Costa. "Por isso, temos mesmo de fazer este investimento."
O dinheiro agora destinado ao alojamento estudantil faz parte do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), suportado por verbas europeias, pelo que o investimento agora anunciado, garante Costa, tem mesmo de ser concretizado.
Em resposta ao presidente da Academia das Ciências, que disse esperar que os objetivos anunciados pelo Governo para o alojamento estudantil sejam alcançados, o primeiro-ministro afirmou que "não há alternativa". "Nós fizemos um contrato com a Comissão Europeia em que temos de ter estes resultados. E, se não tivermos, o dinheiro não virá para Portugal", atirou.
António Costa defendeu ainda que este investimento no Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior é um passo para atrair e manter os estudantes nas universidades e politécnicos, num país com um "défice estrutural de qualificações", que tem sido motivo de "atrasos no desenvolvimento".
A meta é ter, em 2030, 6 em cada 10 jovens no ensino universitário ou politécnico e 50% da população entre os 30 e 34 anos com formação superior.