À TSF, fonte da igreja descreveu um "clima de grande partilha" durante o encontro.
Corpo do artigo
O papa Francisco ouviu, esta quarta-feira, na Nunciatura de Lisboa, 13 vítimas de abusos por parte de membros do clero em Portugal, confirmou a TSF.
A acompanhar o grupo de vítimas estavam representantes de uma instituição da igreja encarregada da proteção de menores.
O encontro durou mais de uma hora e acabou pouco depois das 20h15. À TSF, fonte da igreja descreveu um "clima de grande partilha" durante o encontro.
"Na tarde de hoje, após o final dos encontros institucionais e com a Igreja, o Papa Francisco recebeu na Nunciatura um grupo de 13 pessoas, vítimas de abusos por parte dos membros do clero, acompanhados por alguns representantes de instituições da Igreja portuguesa, responsáveis pela proteção dos menores", adianta a Santa Sé, num breve comunicado.
Segundo a Conferência Episcopal Portuguesa, também estiveram presentes "Rute Agulhas, coordenadora do Grupo VITA; Paula Margarido, presidente da Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas; Pedro Strecht, coordenador da ex-Comissão Independente".
"Este encontro do Santo Padre representa a confirmação do caminho de reconciliação que a Igreja em Portugal tem vindo a percorrer neste âmbito, colocando as pessoas vítimas em primeiro lugar, colaborando na sua reparação e recuperação, de forma que lhes seja possível olhar o futuro com esperança e liberdade renovadas", defende a Conferência Episcopal em comunicado.
O último ano e meio na Igreja portuguesa foi marcado pelos casos de abusos sexuais na Igreja portuguesa que saltaram para o domínio público e deram origem a uma comissão independente.
Em novembro de 2021, mais de duas centenas de católicos defenderam que a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) deveria "tomar a iniciativa de organizar uma investigação independente sobre os crimes de abuso sexual na Igreja", tendo sido criada uma Comissão Independente para o Estudo dos Abusos de Menores na Igreja, coordenada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht.
Esta comissão iniciou o seu trabalho em 11 de janeiro de 2022, apresentou resultados em fevereiro deste ano e anunciou a validação de 512 testemunhos de alegados casos de abuso em Portugal, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas, entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão.
No relatório, a comissão alertou que os dados recolhidos nos arquivos eclesiásticos sobre a incidência dos abusos sexuais "devem ser entendidos como a 'ponta do iceberg'" deste fenómeno.
Na sequência destes resultados, algumas dioceses afastaram cautelarmente sacerdotes do ministério.
16796655