Grávidas e crianças menos, mas portugueses devem comer peixe quase todos os dias. Siga os conselhos
Estudados os peixes e mariscos mais consumidos no país, conclui-se que devemos comer peixe até sete vezes por semana, e se for sardinha ou cavala, tanto melhor. Crianças, grávidas e mulheres a amamentar devem comer menos vezes e menos peixes grandes devido às concentrações de mercúrio.
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A Comissão Europeia pediu a cada Estado-membro que avaliasse os riscos e benefícios do consumo de peixe. Portugal destaca-se, com a recomendação de que a população em geral deve ter pescado à mesa até sete vezes por semana.
Vem outra vez à tona o benefício dos ácidos gordos e do ómega 3, que se encontram sobretudo na cavala e na sardinha, mas também estão em doses elevadas em peixes como abrótea, bacalhau, carapau, choco, corvina, dourada, faneca, lula, pescada, polvo, raia, "redfish" e robalo.
"Nos adultos, o grande benefício é a prevenção de doenças cardiovasculares, enquanto nas crianças ajuda o desenvolvimento cognitivo", explica Marta Borges, da Divisão de Alimentação Humana da Direção de Serviços de Nutrição e Alimentação da Direção-Geral da Alimentação e Veterinária, uma das entidades envolvidas no estudo.
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"Nenhum outro país tem uma recomendação deste nível" - a de que devemos comer peixe até sete vezes por semana -, "é uma tradição e um bom, hábito, é com prazer que se conclui que não há perigo para a população em geral." O segredo está em variar as espécies que nos passam pela mesa.
Por exemplo, "o atum fresco tem maiores concentrações de mercúrio porque vive mais tempo. Já o atum enlatado é fabricado com atuns mais pequenos, mais jovens, não tem tempo para acumular mercúrio", explica Marta Borges.
Do lado dos riscos está então o mercúrio, e são os peixes de maior dimensão que têm mais altas concentrações deste metal pesado. Para a população em geral o risco é baixo "se não comermos atum fresco todos os dias": o mesmo seria dizer espadarte, peixe-espada, abrótea, tintureira, maruca ou pata-roxa - tudo espécies com um mais alto teor de mercúrio.
Este metal pode passar de mãe para filho pela placenta e também através do leite materno, "por isso se recomenda que, no caso de grávidas ou mulheres a amamentar, o consumo de peixe desça para umas três a quatro vezes por semana".
Há também algum risco para crianças até dez anos, "porque o mercúrio pode afetar o desenvolvimento do sistema nervoso central".
Resta dizer que o mercúrio existe naturalmente no ambiente, mas também se vai acumulando devido ao uso de combustíveis fósseis e de alguns tipos de mineração, por exemplo.
O estudo que dá, ainda assim, luz verde ao consumo de peixe em Portugal envolveu o Instituto do Mar e da Atmosfera, o Instituto Ricardo Jorge, a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, a ASAE e o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.