Há 1968 horários sem professores nas escolas. Geografia é a disciplina com maior escassez
Em declarações à TSF, Filinto Lima lamenta a situação e explica que Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve são as regiões mais afetadas devido ao elevado custo de vida. Já a presidente da Associação dos Professores de Geografia explica que os licenciados nesse curso têm saídas profissionais com carreiras mais atrativas.
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As aulas têm de estar a funcionar em todas as escolas do país a partir desta segunda-feira e há quase 1970 horários sem candidatos ou recusados. Geografia está entre as disciplinas com maior escassez de docentes.
De acordo com a edição desta segunda-feira do Correio da Manhã, entre os 1968 horários com oito ou mais horas de carga letiva sem candidatos, Informática, Geografia e Físico-Química lideram a lista.
Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, não fica surpreendido e lamenta a situação.
"São várias as disciplinas e uma delas é Geografia, eventualmente, porque na saída da faculdade há poucos alunos que queiram seguir a carreira de docente e vão enveredar por outras áreas. Mas isto percorre mais Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve", explica em declarações à TSF, sublinhando que "o que se passa é que estas regiões são muito distantes de onde são oriundos muitos professores".
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"Depois o custo de vida nestas regiões, ou seja, alugar um quarto nestas zonas é caríssimo tendo em conta o ordenado dos nossos professores", acrescenta.
O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas diz que o ministro das Finanças tem que dar um sinal e investir na carreira docente.
"Reconheço que o Ministério da Educação está a fazer todos os esforços para que os nossos alunos tenham todas as aulas, mas é um problema estrutural e, por isso, exige uma palavra do ministro das Finanças, Fernando Medina, que, de facto, tem de investir fortemente nos seus recursos humanos, neste caso concreto, na carreira dos professores, valorizar e dignificar a carreira docente", considera.
Pegando no exemplo da Geografia, Ana Cristina Câmara, presidente da Associação dos Professores de Geografia, ouvida pela TSF, não tem duvidas que um licenciado em Geografia tem muitas saídas profissionais com carreiras mais atrativas.
"O curso de Geografia tem imensas saídas profissionais, que acabam por ser mais atrativas do que a carreira de docente, que é uma carreira com poucos honorários e em que os escalões são longos, não é bem remunerada, fazer o mestrado em ensino é caro e o segundo ano, que é o estágio, não é remunerado", refere.
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Lisboa, Setúbal e Faro são os distritos mais afetados pela falta de professores e as disciplinas de Informática, Geografia e Físico-Química lideram a lista.