Há crianças com necessidades específicas que não podem ir à escola por falta de condições. Movimento pede "compromisso do Governo"
O Movimento Inclusão Efetiva promove, esta manhã, uma manifestação à frente do Ministério da Educação para exigir melhores condições para os alunos com necessidades específicas. A porta-voz Filipa Nobre Pinheiro denuncia casos de negligência e maus tratos e faz um balanço negativo do arranque do ano letivo
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A falta de condições nas escolas tem impedido as crianças com necessidades específicas de ir às aulas. A denúncia é feita pelo Movimento Inclusão Efetiva, que, esta manhã, promove uma manifestação, em Lisboa, para exigir mais "compromisso" da parte do Governo e do Parlamento.
Em declarações à TSF, Filipa Nobre Pinheiro, porta-voz do movimento, relata um arranque de ano letivo com muitas dificuldades não só pela falta de professores, como também "pela falta de auxiliares e de terapias". Há também problemas com os transportes, refere.
O Movimento Inclusão Efetiva lamenta que "não exista um mínimo esforço" para integrar as crianças com necessidades específicas. Sem conseguir adiantar números, Filipa Nobre Pinheiro esclarece que alguns destes alunos acabam por não ir à escola, porque "os profissionais não têm competências para as crianças poderem estar nas salas".
"Não há recursos, faltam apoios, não há assistentes operacionais suficientes para acompanhar estes alunos e, portanto, o melhor é ficar em casa, são rejeitados na inscrição para as atividades curriculares", enumera.
A porta-voz do movimento acrescenta que o problema não é novo, mas este ano agravou-se. "Temos recebido relatos de casos de norte a sul do país", remata.
As famílias das crianças com necessidades específicas vão concentrar-se esta manhã, pelas 10h30, junto do Ministério da Educação. A manifestação surge após um conjunto de outras ações que até agora "não têm surtido qualquer efeito". No ano passado, o movimento promoveu uma petição, que conseguiu dez mil assinaturas e foi discutida em Assembleia da República, mas "de um conjunto de propostas, apenas três foram aprovadas, duas das quais remetem para estudos que estão a cargo do Ministério da Educação, cujos resultados já deveriam ser conhecidos, mas não foram divulgados".
Desta vez, a manifestação surge como um apelo. "Queremos um compromisso", sublinha Filipa Nobre Pinheiro. "Já apresentámos um conjunto de propostas concretas ao nível da educação inclusiva, agora queremos saber o que o Governo pretende fazer relativamente às situações que se passam nas escolas, os maus tratos e os casos de negligência são gritantes, queremos compromissos e que sejam responsabilizados se não os cumprirem."
A TSF já questionou o Ministério da Educação sobre o tema, mas ainda não obteve resposta.