"Inadmissível." Rio acusa MP de querer mostrar políticos como "gatunos e vigaristas"
O social-democrata avisa que "se os políticos não tiverem coragem de dizer basta, vai haver um momento em que alguém vai dizer chega".
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O ex-presidente do PSD Rui Rio criticou a atuação do Ministério Público (MP) durante as buscas a sua casa e ao partido, considerando que tem sido "completamente inadmissível" e que está a "enterrar a democracia todos os dias".
"O Ministério Público quer dizer que os políticos são todos uns gatunos, uns vigaristas. Sou contra a atuação do MP e não precisei que me viessem bater à porta para o assumir", sublinhou o antigo líder do PSD, em entrevista à SIC.
Rui Rio confessou estar preocupado com o modo como esta investigação foi levada a cabo, afirmando que o poder político precisa de uma "reforma", nomeadamente, na área da Justiça, porque o cenário atual está ameaçar o Estado democrático.
"Quando o MP diz que são todos corruptos está a destruir a democracia. Ou nós dizemos basta ou alguém dirá chega", vaticinou o social-democrata, numa clara referência ao partido de extrema-direita de André Ventura.
Sobre a gestão das verbas, Rui Rio esclarece que o partido tem direito a dois complementos distintos: "Uma porque tiveram mais de 50 mil votos e outra porque constituíram um grupo parlamentar." O antigo líder defendeu ainda que as verbas alocadas são "para utilização do partido" e explica que "quem trabalha no grupo parlamentar e na sede" está a trabalhar para o partido, pelo que não deve haver distinção entre os dois.
"As verbas são despachadas pela Assembleia da República e a obrigação dos partidos é gerirem estas verbas com rigor e seriedade", defendeu, antes de acusar o MP de "não saber gerir as verbas".
O social-democrata questiona assim porque é que só o PSD é que é alvo de buscas precisamente "durante 2018 a 2021", período em que assumiu a presidência do partido, sobre uma prática que tem "décadas e é transversal".
"Estão a atacar a democracia toda e a melhor forma de defender a corrupção é dizer que somos todos corruptos", insistiu.
O antigo presidente do PSD disse ainda não saber quais os documentos que o MP procurava encontrar em sua casa, adiantando que além do telemóvel, a polícia levou uma cópia dos documentos que tinha no computador e uma "agenda de 2022", algo que diz não ter "sentido" porque a investigação diz respeito a anos anteriores.
Rui Rio lamentou ainda que a PJ estivesse "19 horas" na sede do partido para levarem "recibos de vencimento que podiam mandar uma carta a pedir".
Questionado sobre o caso concreto de António Romano de Castro, que está aposentado, estar a receber dinheiro das verbas do partido, Rui Rio diz não ter tido conhecimento da situação, mas tanto quanto sabe, a é "mais ao contrário". "[Romano de Castro] estava na Assembleia de graça, mas eles acusam ao contrário", avançou.
Escusando-se a comentar o silêncio público de Luís Montenegro, o social-democrata revelou que os dois chegaram a conversar sobre as buscas. Por outro lado, afirmou que se António Costa lhe ligou "foi a polícia quem atendeu".
Em resposta à pergunta sobre se estaria interessado em voltar à política, Rio assegurou que a sua conduta diz precisamente o contrário. "A própria forma como eu estou a reagir é de alguém que não está muito interessado em voltar a isto", rematou, antes de expressar que o único desejo que tinha era que "os Governos tivessem feito as reformas que os partidos precisam".