"Interpretações muito malévolas." Montenegro rejeita xenofobia em declarações sobre imigração
Líder social-democrata acusa os adversários políticos de terem "muito peso na consciência" e rejeita ser cópia do Chega.
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O presidente do PSD refutou esta terça-feira qualquer acusação de xenofobia e rejeitou que aproximações do PSD ao Chega, notando também não acreditar que o pedido de bom senso do Presidente da República sobre imigração tenha sido dirigido a si.
"Qualquer tentativa de nos colar a fenómenos de xenofobia e de desvalorização de pessoas que estão desempregadas é de gente que tem interpretações muito malévolas e muito peso na consciência", garantiu líder social-democrata, criticado por declarações, na semana passada, em que considerou que o país deve receber imigrantes "de forma regulada" e "procurar pelo mundo" as comunidades que possam interagir melhor com os portugueses.
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"Há cinco anos disse num congresso do PSD que era preciso haver um programa nacional de atração, acolhimento e integração de imigrantes (...) Defender que possamos ser profissionais, no sentido bom do termo, e procurarmos saber quantas pessoas precisamos, em que áreas, com que qualificações, isto significa algum tipo de xenofobia? Em que país do mundo?" questionou.
"Eu não fecho as portas a ninguém, defender este programa não significa que as portas se fecham para os outros. Sinceramente, acho que se podiam distrair a falar do que interessa às pessoas e não em manobras de retórica semântica", criticou.
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Montenegro classificou de escandaloso o tipo de críticas que lhe têm sido dirigidas e, questionado sobre quem diz que roçam xenofobia, desafiou o jornalista a dizer quem fez esse tipo de acusações, dizendo não as admitir e ameaçando até processar quem as fizer.
Outra das polémicas nasceu da declaração de que "é imoral uma sociedade onde as pessoas que trabalham chegam ao fim do mês e ganham menos do que pessoas que não trabalham".
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Num aprofundamento da ideia, Montenegro começou por confirmar que "reafirma" o que disse: "As pessoas que trabalham não devem, numa sociedade justa e equilibrada, ter um rendimento inferior às pessoas que não trabalham. Não falei de desempregados e pensionistas, como vejo para aí nas redes sociais", disse.
Desafiado a clarificar, referiu-se a pessoas "na esfera da dependência de prestações sociais, que são necessárias, não defendo que acabem. Não podemos é ter uma sociedade que incentiva a que esse número de pessoas aumente em detrimento daquelas que produzem e trabalham".
"Parece-me tão óbvio...", comentou ainda, "que fico sinceramente admirado como poderão alguns dos nossos adversários deturpar essas palavras".
Pouco antes, em declarações aos jornalistas no final de mais uma edição da iniciativa "Músicos no Palácio de Belém", Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre declarações do presidente da Câmara de Lisboa, o social-democrata Carlos Moedas, e do presidente do PSD, Luís Montenegro, no que toca à política de imigração.
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"Quando se trata de um tema tão sensível como esse, nós temos de ter muito bom senso no seu tratamento. Estamos a falar de pessoas, de pessoas que são vítimas em muitos casos de redes de utilização de seres humanos, e estamos a falar de deficiências do funcionamento do enquadramento dessas pessoas na sua legalização ou no acompanhamento da sua atividade laboral, e isso já é uma responsabilidade nossa", defendeu o chefe de Estado.
"Não ouvi as declarações do Presidente da República, mas posso ter a certeza absoluta de que não se dirigiam a mim, porque o Presidente da República é uma pessoa sensata, que me conhece bem, os meus valores morais, éticos e humanos", afirmou Luís Montenegro, questionado pelos jornalistas no final de uma iniciativa do PSD sobre habitação em Lisboa.
Sobre outra declaração do Presidente, de que a cópia "será sempre melhor que o original", Montenegro salientou que o PSD, como partido fundador da democracia, será sempre "o original" e, à pergunta se as suas declarações recentes, revelam uma aproximação ao Chega respondeu com uma única palavra: "Não."