Lacerda Sales no Ministério da Saúde com Nuno Rebelo de Sousa: "Só responderei em sede própria"
Lacerda Sales aponta que "decorre um inquérito em sede própria" e garante conhecer "os tempos da Justiça, os poderes do Ministério Público e os poderes da IGAS".
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O antigo governante António Lacerda Sales não confirma nem desmente ter tido reuniões no Ministério da Saúde com Nuno Rebelo de Sousa, sublinhando que só vai responder "a detalhes do processo em sede própria".
A TVI noticiou esta quinta-feira que Nuno Rebelo de Sousa, filho do Presidente da República, se reuniu com o então secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, no Ministério da Saúde, sobre o caso das gémeas luso-brasileiras que tentavam ter em Portugal acesso a um medicamento inovador para a atrofia muscular espinhal.
Questionado pelos jornalistas esta quinta-feira, o ex-secretário de Estado da Saúde afirma que só fala sobre o caso na Procuradoria-geral da República (PGR) e na Inspeção-geral das Atividades em Saúde (IGAS).
"Eu só responderei a detalhes do processo em sede própria: a sede própria é a IGAS e é o DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal Regional] e é aí que eu responderei, como é óbvio, respeitando aquilo que são os poderes e o tempo da Justiça", assegura.
Lacerda Sales aponta ainda que "decorre um inquérito em sede própria" e garante conhecer "os tempos da Justiça, os poderes do Ministério Público e os poderes da IGAS".
O antigo governante e deputado do PS disse não se recordar do caso das gémeas, referindo que se passaram quatro anos, com uma pandemia pelo meio, pelo que se torna "muito difícil" lembrar do que se passou na altura.
"Além disso, não tenho acesso a quaisquer documentos e, portanto, não consigo reconstituir na fita do tempo todo este processo e espero tranquilamente por ter acesso a esses documentos" para o poder fazer, salientou.
Lacerda Sales disse também aguardar tranquilamente porque "conhece os tempos do Ministério Público, conhece os tempos da Justiça".
O caso das gémeas foi revelado numa reportagem da TVI, transmitida no início de novembro, segundo a qual duas crianças luso-brasileiras vieram a Portugal em 2019 receber o medicamento Zolgensma, - um dos mais caros do mundo - para a atrofia muscular espinhal, que totalizou no conjunto quatro milhões de euros.
Segundo a TVI, havia suspeitas de que isso tivesse acontecido por influência do Presidente da República, que negou qualquer interferência no caso.
O caso está a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República, pela IGAS e é também objeto de uma auditoria interna no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, do qual faz parte o Hospital de Santa Maria.