Louçã lembra "a noite de inverno" da maioria absoluta: "Está a corroer a confiança democrática"
Louçã traça diferenças para os tempos da geringonça e compara o Governo de António Costa ao de Santana Lopes
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A falar para fora, e não para os 654 delegados que foram eleitos para a convenção, Francisco Louçã lembra a "noite de inverno, no ano passado", quando o PS festejou a maioria absoluta. A vitória dos socialistas está "a corroer a confiança democrática" e o história fundador do Bloco de Esquerda apela "à recuperação do país".
Recuando a 30 de janeiro de 2021, à noite das eleições legislativas, Louçã fala para "os que votaram no PS" e "festejaram a maioria absoluta". "Houve alguns que suspiraram de alívio", já que foi evitado um Governo com a extrema-direita, mas o voto terá valido a pena?
"Um ano depois, a maioria absoluta é um fantasma. Pergunto a quem festejou nessa noite: o que fizeram da vitória e onde está a estabilidade que prometeram a Portugal?, questiona.
Com casos e casinhos, Louçã traça diferenças para os tempos da geringonça e compara o Governo de António Costa ao de Santana Lopes, que acabou dissolvido pelo Presidente da República de então, Jorge Sampaio.
"Alguém se lembra de tanta encrenca como as destes meses, salvo com Durão Barroso e Santana Lopes? Alguém aceita que um ministro seja promovido graças a um episódio insólito e impensável. Alguém se lembra de, na geringonça, ter havido um homem chamado para coordenar o Governo que saiu um pare de semanas depois por contas extravagancias?
Francisco Louçã fala em "susto" nos hospitais do Algarve e lembra que há 1,8 milhões de portugueses sem médico de famílias. Na campanha eleitoral, o PS prometia "estabilidade na saúde".
"O que é que estão a fazer que mata o SNS?", atira
Para "quem votou no PS", o histórico bloquista deixa várias questões e faz uma comparação entre as promessas e a realidade, concluindo que "quem votou no PS sabe do desastre social e da sua desilusão", já que "palavra dada não foi palavra cumprida".
"O que magoa não são os casos, mas o vírus do deixar andar, que empobrece a república. Quando há alunos sem aulas, quando nos mentiram sobre as pensões. O desastre da maioria absoluta está a corroer a confiança democrática e o perigo não vem de fora, vem de dentro", alerta.
"A maioria absoluta não será salva" e, por isso, Francisco Louçã encaminha o eleitorado para o Bloco de Esquerda, para "recuperar o país, garantir o emprego, o salário, saúde, a escola". O histórico bloquista pega nas palavras de Chico Buarque para "espantar este tempo feito, assim se fará forte a esquerda".