Mortágua aponta caminhos para "vida boa" e deixa recados aos "adversários": "Ainda não viram nada"
Mariana Mortágua sucede a Catarina Martins como coordenadora do Bloco de Esquerda.
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A líder do BE, Mariana Mortágua, avisou este domingo "os adversários" do partido que "ainda não viram nada" e apontou que o Bloco "é e sempre será o lugar das causas e das convicções".
"Aos nossos adversários, para quem a esquerda é sempre um projeto condenado, já nos conhecem mas ainda não viram nada da força que vamos saber criar, reinventar, construir, unir", afirmou a nova líder, eleita hoje na XIII Convenção Nacional do BE, em Lisboa.
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No seu discurso de consagração, logo após o anúncio dos resultados, Mariana Mortágua garantiu também que as mais de duas décadas de história do partido, as 13 convenções até agora, "esta sala cheia, são só o começo do BE".
A líder eleita, que sucede a Catarina Martins, considerou que atualmente se assiste "à degradação da vida pública" e que "é precisamente quando a vida pública se degrada que é mais preciso mostrar que no BE a política é e sempre será o lugar das causas e das convicções".
"Não deixamos a política entregue ao calculismo nem a esse pântano em que verdade e mentira se confundem. A nossa política é uma paixão maior do que qualquer circunstância, é uma forma de impaciência, é uma vontade que ninguém pode domar", salientou.
"A vida boa" de Mariana Mortágua
Mariana Mortágua garantiu um "compromisso pela vida boa": "Não aceitamos que viver pior seja o nosso destino."
Para o Bloco de Esquerda, a "vida boa" é ter "uma casa, salário decente, ter cuidados na doença, quando tivermos filhos, quando a idade pesar aos nossos pais, quando a idade nos pesar a nós".
"É essa solidariedade que faz a esquerda e é esse o programa pela vida boa, pela liberdade, pelo respeito. Vida boa é ter a esperança e fazer por ela", afirma.
O BE assegura que não se submete a "sombras porque nada está predestinado e na vida contam apenas as escolhas que fazemos". "E nós escolhemos a alegria, a solidariedade e toda a liberdade."
"O pântano da maioria absoluta não está a defender a democracia"
A nova líder do BE assumiu ainda o combate à maioria absoluta do PS que classificou como "um tormento" e "causa de embaraço nacional" e avisou que quem "abafar este pântano" não defende a democracia.
"E já todos sabemos - os eleitores do PS melhor do que ninguém - como em pouco mais de um ano se tornou evidente que a maioria absoluta é um tormento de degradação e instabilidade e uma causa de embaraço nacional", declarou Mariana Mortágua, perante os delegados à XIII Convenção.
Entre constantes aplausos, no seu primeiro discurso como coordenadora do BE, Mariana Mortágua estabeleceu as balizas da intervenção do partido nos próximos dois anos para "impedir que continue este caminho de degradação".
"Quem abafar, menorizar ou desvalorizar o pântano criado pela maioria absoluta não está a defender a democracia, mas sim a desresponsabilizar os causadores da fragilização da democracia", disse.
Mariana Mortágua criticou o Governo de António Costa que, considerou, incorre "no vício" de "festejar trunfos que são um tormento".
"Não há pior vício neste governo do que festejar triunfos que são um tormento para as pessoas. Os salários e as pensões ficam mais pequenos mas o Governo pede-vos que agradeçam o excedente orçamental", criticou.
Madeira e europeias: os objetivos do Bloco
Mortágua apontou também os objetivos do Bloco de Esquerda: voltar a ter representação parlamentar na Madeira este ano e ser a terceira força política nas eleições europeias de 2024.
"Será esta força que irá a votos ao longo dos próximos meses e temos dois objetivos. O primeiro é erguer na Madeira a oposição que Miguel Albuquerque teme, a que não se cala perante esses interesses que abraçam o PSD e o PS Madeira. Haverá uma oposição que leva a sério vida dos madeirenses, a pobreza, a habitação, a saúde. Essa oposição será a força do Roberto Almada, no Parlamento da Madeira a partir de outubro", disse, perante uma ovação, de pé, da sala.
Mas não foi apenas sobre as eleições regionais da Madeira deste ano que Mariana Mortágua se focou, antecipando já um objetivo para 2024.
"Chegaremos às eleições europeias com o entusiasmo e a determinação de sermos a terceira força para ultrapassar o Chega e a Iniciativa Liberal", disse.