Com críticas à decisão do primeiro-ministro de segurar João Galamba, a maioria dos inquiridos da sondagem da Aximage para TSF-JN-DN considera que os danos para António Costa vão ser "permanentes" e só uma remodelação "profunda" poderia ajudar. PSD ainda "não é alternativa," mas Costa e Montenegro estão mais próximos.
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Nota negativa para Costa, nota positiva para Marcelo, mais dúvidas sobre se a legislatura chega ao fim e uma incógnita chamada Montenegro que beneficia do desgaste de Costa, mas ainda não é visto como alternativa.
Na sondagem da Aximage para TSF-JN-DN, António Costa sai a perder, em toda a linha, pela decisão de manter no cargo o ministro das Infraestruturas, contra a vontade expressa do Presidente da República.
73% dos inquiridos, incluindo uma larga fatia de socialistas, consideram que o primeiro-ministro "fez mal" e deveria ter aceitado a demissão apresentada por João Galamba. Apenas 16% apoiam a decisão de Costa.
Perante uma posição que António Costa assumiu ter tomado "em consciência," mais de metade dos inquiridos (51%) consideram que a imagem do primeiro-ministro fica prejudicada de forma "permanente," enquanto outros 37% preveem um prejuízo "temporário."
O cenário de uma remodelação é defendido pela esmagadora maioria (79%) dos inquiridos, socialistas incluídos, e para 69% esse seria o caminho para ultrapassar esta crise.
Ainda ontem, António Costa considerou que a crise "grave e efetiva" aconteceu há um ano, foi resolvida com a maioria absoluta e, agora, é preciso respeitar e não complicar, mas na leitura desta sondagem, embora a maioria (54%) aprove a decisão do Presidente de manter o Governo em funções, 40% teriam preferido uma demissão do executivo e as opiniões estão divididas sobre a conclusão da legislatura.
Por partes, 22% afirmam que Marcelo Rebelo de Sousa "deveria ter dissolvido a Assembleia da República convocando eleições antecipadas e outros 18% apostavam na demissão do Governo.
As opiniões dividem-se sobre se o Governo de António Costa chega até 2026, 44% acreditam que "sim," (sobretudo eleitores do PS e da CDU), mas 42% consideram que o Presidente demite o executivo antes do final da legislatura (todos os inquiridos que dizem votar nos partidos da oposição).
Entre estes (42%) que apostam em legislativas antecipadas, 51% apontam no calendário o momento a seguir às eleições europeias do próximo ano, em caso de uma derrota "clara" do PS, enquanto 37% adivinham um desfecho mais rápido, já depois de conhecidas as conclusões da comissão parlamentar de inquérito à gestão política da TAP.
PSD ainda não é visto como alternativa, mas Montenegro aproveita desgaste de Costa
E em caso de eleições antecipadas, estará o PSD em condições de ser alternativa ao atual governo? 52% respondem que "não," 33% consideram que "sim" e 15% não sabem.
Quando se pede aos inquiridos para compararem como seria Luís Montenegro no cargo de primeiro-ministro, em relação a António Costa, as respostas surgem divididas: 36% consideram que seria "pior," 31% não encontram diferenças e para 22% dos inquiridos, o líder do PSD seria "melhor."
Certo é que 61% dos inquiridos defendem que Luís Montenegro deveria clarificar a posição sobre a eventual aceitação do apoio parlamentar do Chega, 29% parecem alinhar com Cavaco Silva quando defendeu que o PSD não tem de responder a essa pergunta.
Perante o cenário de um possível governo social-democrata ficar dependente do Chega para obter maioria, 60% dos inquiridos consideram que seria uma "má" situação, 20%, pelo contrário, pensam que seria "boa," entre eles os eleitores do Chega e cerca de 30% daqueles que dizem votar no PSD, e para 17%, não seria "nem boa, nem má."
Uma das frases mais ouvidas, nos últimos tempos, é que "os bons resultados da economia ainda não chegaram ao bolso dos portugueses," e é o que a sondagem parece espelhar: mais de metade dos inquiridos considera que a situação económica pessoal "piorou" desde o início do ano. São sobretudo os jovens quem mais se queixa.
Ficha técnica:
A sondagem foi realizada pela Aximage para a TSF, JN e DN, com o objetivo de conhecer a opinião dos portugueses, sobre temas relacionados com a atualidade política. O trabalho de campo decorreu entre os dias de 25 e 30 de maio. Foram recolhidas 808 entrevistas, entre maiores de dezoito anos, residentes em Portugal. Foi feita uma amostragem por quotas, com sexo, idade e região, a partir do universo conhecido, reequilibrada por sexo e escolaridade. À amostra de entrevistas, corresponde um grau de confiança de 95%, com uma margem de erro de 3,4%. A responsabilidade do estudo é da Aximage Comunicação e Imagem Lda., sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.