Marcelo avisa Governo que pode ter de reponderar apoios sociais nos próximos meses
Presidente da República reconhece nos crescentes protestos um sinal de "insatisfação" perante um aumento de custos que está a afetar "sobretudo os mais pobres", mas também a classe média.
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Num dia em que passaram pelas ruas de Lisboa duas manifestações, uma do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação e outra do movimento Vida Justa, o Presidente da República avisa o Governo de que, perante os "sinais" dados pela economia, podem ser precisos novos apoios sociais nos próximos meses.
Se a evolução noutros países for "contra as previsões que eram otimistas, e se persistirem estes sinais que não são tão positivos quanto se esperaria, pode obrigar o Governo a ter de proceder a uma reponderação de ajudas sociais complementares, se necessário, dentro de um, dois ou três meses", avisou o chefe de Estado em declarações aos jornalistas este sábado.
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Os protestos desta tarde, assinala, são espelho da "insatisfação própria de quem enfrenta uma situação que tem custos": no caso dos professores, "são acumulados ao longo do tempo" e, no caso geral, para a sociedade, "o grande custo é o da inflação, da subida do custo de vida e dos preços".
Estes últimos, nota, não estão a ser acompanhados "pelos rendimentos e salários" e atingem "sobretudo os mais pobres, setores que são mais atingidos".
"Na classe média-baixa e média-média têm um preço, como têm na média-média, média-baixa e média-alta os juros da habitação", analisou.
As concentrações desta tarde, garantiu, são normais em democracia, são "manifestações legítimas", e "haverá outras certamente", mas recusou que esteja em causa a estabilidade e revelou que foi ver a saída das duas manifestações "de milhares de pessoas, num caso perto de 10 mil, no outro caso perto de quatro mil, cinco mil".
"Era um hábito que eu tinha antes de ser Presidente e mantive enquanto Presidente", indicou, referindo que não chegou a estar com os manifestantes, mas alguns passaram por si.
O Presidente da República afirmou que "a guerra está a durar e vai durar, a inflação está a descer menos rapidamente do que desejaria" e "as notícias que chegam, por exemplo, da Alemanha, não são muito boas".
Quanto a notícias que dão conta de que os preços dos alimentos estão a subir mais em Portugal do que na zona euro, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que "o problema é que nos outros países estão a voltar a subir, ou pelo menos não há evolução"."Na Alemanha os últimos números que foram conhecidos esta semana, quer no crescimento, quer na inflação, não acompanham aquela expectativa otimista que havia. Isso tem custos", lamentou.
Professores? Marcelo espera acordo "antes da Páscoa"
No que toca aos professores, Marcelo Rebelo de Sousa insistiu que "aquilo que os portugueses querem é que as negociações tenham sucesso".
"E continuo a acreditar que terão sucesso. Eu acho que é possível, é uma questão de bom senso. É tão óbvio que os professores querem, o pessoal não docente quer, os pais querem, os alunos querem, a sociedade portuguesa quer, os portugueses querem, portanto qualquer que seja a formula, mais assim ou mais assado, é evidente que terá de haver acordo", salientou.
O Presidente da República reiterou que espera que o Governo e os sindicatos cheguem a acordo "antes da Páscoa, para que o custo para o ano letivo não seja muito forte".