Marcelo espera que medidas de apoio garantam efeitos "pelo menos até ao final do ano"
Chefe de Estado assinala que é preciso garantir a ajuda às pessoas, famílias e empresas sem contribuir para o aumento da inflação nem para a criação de problemas nas finanças públicas.
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assinalou esta sexta-feira que há uma "expectativa muito grande" em torno das medidas a apresentar para combater os efeitos económicos da pandemia e da guerra na Ucrânia e disse esperar que permitam enfrentar as necessidades dos portugueses "pelo menos até ao final do ano".
"Há, à primeira vista, uma expectativa muito grande porque há um acordo na política portuguesa acerca da necessidade das medidas, entre Governo e oposição, embora cada qual apresentando um leque diferente de medidas", assinalou durante uma visita à Vindouro - Festa Pombalina, em São João da Pesqueira.
O chefe de Estado defende que a marcação de um Conselho de Ministros extraordinário para a próxima segunda-feira é um sinal de aceleração na tomada de medidas "que permitam fazer face aos próximos meses, esperemos que pelo menos até ao final do ano, e à situação de pessoas, famílias e empresas".
Ressalvando que não conhece as medidas que vão ser apresentadas, o chefe de Estado não deixou de notar que também o PSD avançou com um pacote de medidas de emergência, o que mostra um "espaço de concordância em que todos admitem que não se pode perder tempo, encarando a situação criada pela pandemia e depois pela guerra".
Questionado acerca das declarações do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, que pediu que "não se promovam políticas pró-cíclicas que depois possam vir a ter que ser corrigidas com outras políticas", Marcelo Rebelo de Sousa deixou a sua interpretação das palavras do ex-ministro.
A "preocupação" de Centeno é a de que se encontre "um pacote de medidas que ajudem pessoas, famílias e empresas, mas que não contribuam para o aumento da inflação, por um lado, nem criem problemas duradouros no equilíbrio das finanças públicas".
"A grande preocupação dele é a de não haver baixas brutais de impostos que depois sejam de difícil acomodamento, passados estes meses, para o ano que vem e para os anos seguintes. Aí está o talento da política e da governação, encontrar a forma de ajudar as pessoas, famílias e empresas e não comprometer aquilo que é muito importante em termos de equilíbrio dos preços no futuro e do Orçamento do Estado", explicou.
Saúde e economia
O Presidente da República referiu que, "neste momento, os portugueses têm duas preocupações: uma é a saúde e a outra é a situação económica e financeira".
No que respeita à saúde, disse ser positivo o facto de "estar anunciado um conjunto de diplomas para regulamentar o estatuto do Serviço Nacional de Saúde", o que deverá acontecer "provavelmente na quinta-feira que vem ou na outra semana".
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que, ao mesmo tempo, há "da parte da oposição uma atenção muito grande relativamente ao gasto de dinheiro previsto no Orçamento de Estado deste ano" na área da saúde.
"Estava pensado antes da posição da senhora ministra (Marta Temido), deve continuar e deve afirmar-se quer em termos de fundos para a saúde quer em termos de orgânica da saúde", frisou.
Questionado sobre as medidas que deveriam ser tomadas no que respeita aos preços da eletricidade e do gás, o Presidente da República disse que é preciso esperar para ver o caminho que o Governo vai seguir: "se é o caminho dos impostos ou o caminho de outras ajudas, se é certo tipo de apoio financeiro".
"Vamos ver se há coincidência de soluções ou não. Mas uma coisa é a coincidência de diagnóstico: é preciso atuar e atuar rápido", acrescentou.