Chefe de Estado estava no hospital desde pouco antes das 16h00: não tendo propriamente almoçado, suspeita que o moscatel "quente" tenha interagido com o Fortimel a que costuma recorrer. Correu mal, mas não tanto: por isso, aproveitou para dizer a Costa que "ainda não é desta" que morre.
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já recebeu alta do Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, após uma tarde de exames médicos devido a um desmaio numa visita à Faculdade de Ciências da Universidade Nova de Lisboa, em Almada.
À saída, garantiu sentir-se "muito melhor" e recordou até o desmaio que sofreu em 2018 em Braga, episódio esse que considerou mais intenso do que o desta quarta-feira.
Para tentar explicar o que aconteceu no Monte da Caparica, Marcelo adiantou que não almoçou - como de costume - e que apesar de a cerimónia ter corrido "bem", lhe foi proposto um brinde com moscatel.
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Apesar de o ter inicialmente recusado, confessa que acabou por beber o "moscatel, quente, mais tarde" e suspeita que este tenha "interagido com a digestão, que estava por ser feita, do Fortimel" que tinha tomado à hora de almoço.
"Comecei a sentir logo a seguir", explica, os "mesmos sintomas que tinha tido em Braga, uma "quebra de tensão repentina, o chamado fenómeno vagal".
Afastou-se do grupo porque "estava rodeado por muita gente" e tentou "chegar ao edifício sem ter desmaiado", mas reconhece que não conseguiu.
"Foi muito curto, comparado com o de Braga", avaliou, agradecendo o socorro "impecável das bombeiras da Trafaria", que lhe mediram a tensão arterial em 8/6, "muito baixa", sendo que 6 é "normal" para o Presidente da República, garante.
Dali seguiu para o Hospital de Santa Cruz "para saber se era uma coisa cardíaca, que podia ter sido", garantindo que não "sentiu dor nenhuma".
"Por protocolo", Marcelo fez exames "por duas vezes para ver se houve enfarte ou perturbação no coração" e carrega agora consigo, pelo menos até ao fim da manhã desta quinta-feira, um Holter para "ver como vai a evolução da tensão".
Recebeu recomendações para "beber mais água" porque, confessa, bebe "muito pouca, principalmente em dias quentes" e "não tomar bebidas que sejam diuréticas" ou tenham "muito açúcar".
A agenda que tinha hoje, apesar de cheia, "era toda muito em família" e ia acabar com uma peça de teatro de Pedro Mexia em Almada. Enviou mensagens para onde não conseguiu ir e lamenta não poder ir ao teatro, até porque não seria "prudente".
O elogio ao SNS
Na ótica do utilizador recente, Marcelo agradeceu ao serviço do Santa Cruz a "prova de excelência do Serviço Nacional de Saúde" pelo atendimento que correu "muito bem, muito bem muito bem".
Apesar de ter sido apanhado num dia de greve de médicos - um "mau dia" -, os serviços mínimos "felizmente foram excecionais, o que mostra que o SNS e os médicos em particular, mesmo em greve, de facto cumprem os serviços mínimos".
Questionado sobre a razão para não pernoitar no hospital, Marcelo assegurou que, se houvesse algo que o justificasse, "ficaria". Não havendo, segue para Belém e a agenda dos próximos dias fica dependente de como se sentir.
"Podia ter feito o Holter aqui, no hospital, mas estaria num ambiente laboratorial, que é artificial. Portanto, vou fazer num ambiente que não é agitado, mas é mais próximo da minha vida normal", explicou.
"Olhe, ainda não é desta que eu morro"
Bem-humorado, o Presidente da República revelou até que, quando recebeu o telefonema do primeiro-ministro, lhe deu uma tristeza: "Olhe, ainda não é desta que eu morro."
E porquê? Porque, revela Marcelo, têm "uma brincadeira, que é saber quem faz o elogio fúnebre do outro". Costa garantiu-lhe que "teria um grande desgosto".
De seguida ligou-lhe Luís Montenegro, esteve com o ministro da Saúde e, "por ironia do destino, um dos chamados candidatos a candidatos a Belém" ligou-lhe para saber como estava.
Marcelo respondeu-lhe que tivesse "calma, porque ainda não é ocasião de começar a campanha eleitoral". Quem foi? "Não me lembro, ainda estava naquele estado."
Antes de tudo isto, ainda na ambulância, porque "tinha" de falar com o chefe da Casa Civil, tratou de fazer esse telefonema, deixando a médica que o acompanhava "zangadíssima" com o comportamento.
E o relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito à TAP? Marcelo diz que é mais apreciador de "relatórios definitivos, os provisórios não têm o mesmo sabor".
Por isso, agora é "deixar aprovar, ver quem aprova, ver as declarações de voto de quem não aprova, ler as atas... Não querem que a minha tensão se altere outra vez, não?"
Em 13 minutos, à porta do hospital e depois de uma tarde em que colocou o país em alvoroço por ter desmaiado, Marcelo deu todos os detalhes. E no regresso à vida normal, deu-se a selfies.