Joana Bordalo e Sá assinala que "sem médicos não há, é impossível haver SNS".
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A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) revelou esta quinta-feira que a adesão ao segundo e último dia de greve destes profissionais foi de 95%, um "sinal de descontentamento" que levou muitas cirurgias a ser adiadas.
À TSF, a líder da FNAM, Joana Bordalo e Sá garantiu que os serviços mínimos foram cumpridos à risca, mas várias cirurgias "foram adiadas".
"Contamos com uma adesão de cerca de 95%, o que mostra o descontentamento dos médicos", alerta a representante, defendendo que a paralisação foi também feita "para bem da saúde da população" e para que seja possível "continuar a ter um Serviço Nacional de Saúde (SNS) que seja universal e que consiga servir toda a população".
Bordalo e Sá assinala até, como exemplo da importância do atendimento do SNS, o episódio do desmaio do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que teve de ser levado para o Hospital de Santa Cruz por precaução.
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À saída, Marcelo assinalou que tinha escolhido um "mau dia" para se sentir mal, uma vez que esta quarta-feira também foi de greve, mas garantiu que os profissionais de saúde "felizmente foram excecionais, o que mostra que o SNS e os médicos em particular, mesmo em greve, de facto cumprem os serviços mínimos".
A líder da FNAM agradeceu o "de alguma forma" elogio presidencial para sublinhar a ideia da universalidade do atendimento em saúde, que vai do chefe de Estado "até à restante população" e avisou que "sem médicos não há, não é possível haver um SNS"
Esperando, diz, que o Ministério da Saúde "saiba fazer esta leitura", a FNAM reivindica "um horário de 35 horas", quer que a urgência, "de 18, passe para 12 horas, para que os médicos tenham tempo para fazer as consultas e as cirurgias" e não aceita a "perda de direitos" no aumento do limite das horas extraordinárias "de 150 para 350, porque é ilegal, é inconstitucional e coloca os doentes em risco".
Os médicos querem também que o modelo de organização das Unidades de Saúde Familiar se mantenha e seja generalizado nos centros de saúde "com as mesmas condições, para que haja mais médicos de família".
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"Queremos, sobretudo, que as condições de trabalho e os aumentos nos salários sejam transversais a todos os médicos, sejam médicos de família, sejam os médicos de saúde pública, sejam os médicos hospitalares", sem esquecer os internos, "que são um terço da nossa força de trabalho".
Os médicos iniciaram às 00h00 de quarta-feira dois dias de greve. Apesar de as duas últimas reuniões negociais com o Ministério da Saúde estarem agendadas para 7 e 11 de julho, a federação decidiu manter a paralisação, que se estende até às 24h00 de hoje, face "ao adiar constante das soluções" e "à proposta insatisfatória" que recebeu do Governo, não excluindo uma nova greve nacional na primeira semana de agosto.
Esta é a segunda greve convocada pela FNAM este ano, depois da paralisação realizada no início de março para exigir a valorização da carreira e das tabelas salariais, mas que não contou com o apoio do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que se demarcou do protesto por considerar que não se justificava enquanto decorriam negociações com o Governo.
Após ter terminado o prazo inicialmente previsto para as negociações no final de junho, na semana passada o SIM anunciou também uma greve nacional para 25, 26 e 27 de julho em protesto contra "a incapacidade" do Governo em "apresentar uma grelha salarial condigna".