Porfírio Silva, deputado do PS, agradeceu o trabalho da ex-ministra da Saúde, que foi "uma trabalhadora essencial com que o país contou".
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Porfírio Silva, deputado do PS, agradeceu a Marta Temido e elogiou o seu trabalho, "um trabalho que ficará na memória de todos, porque merece", destacando que agora "temos muito mais profissionais e investimento no SNS".
Reafirmando que Temido fez "um excelente trabalho" e foi "uma trabalhadora essencial com que o país contou", o deputado socialista sublinhou que a escolha do próximo ministro é da "competência do primeiro-ministro".
"Não estou na cabeça do primeiro-ministro. O primeiro-ministro fará o que achar melhor", afirmou.
"É impossível a qualquer Governo fazer tudo o que há a fazer pelo país. Fez-se um caminho, esse caminho não acabou, é preciso continuar", acrescentou, frisando que "seria um milagre extraordinário se tudo tivesse corrido excelentemente".
"Certamente que há mais a fazer, a própria ministra saberá que não deixou o trabalho todo feito" e o primeiro-ministro "terá em conta o que é preciso para continuar o trabalho que estava a ser feito", assegurou Porfírio Silva.
Marta Temido apresentou, esta terça-feira, a demissão do cargo de ministra da Saúde. O anúncio foi feito pelo próprio Ministério numa nota enviada às redações.
"A ministra da Saúde, Marta Temido, apresentou hoje a sua demissão ao Primeiro-Ministro por entender que deixou de ter condições para se manter no cargo", lê-se no comunicado.
António Costa já aceitou a demissão da ministra. "O primeiro-ministro recebeu o pedido de demissão da Ministra da Saúde. Respeita a sua decisão e aceita o pedido, que já comunicou ao Senhor Presidente da República", anunciou o gabinete do primeiro-ministro em comunicado.
"O primeiro-ministro agradece todo o trabalho desenvolvido pela Dra. Marta Temido, muito em especial no período excecional do combate à pandemia da Covid-19", afirmou.
O gabinete de António Costa revelou que "o Governo prosseguirá as reformas em curso tendo em vista fortalecer o SNS e a melhoria dos cuidados de saúde prestados aos portugueses".
Marta Temido iniciou funções em 2018 sucedendo a Adalberto Campos Fernandes, tendo sido ministra durante 1414 dias, quase quatro anos.
O mandato Temido ficou marcado por várias dificuldades e polémicas, destacando-se a pandemia de Covid-19 e as várias crises no SNS.
As críticas à ex-ministra da Saúde agravaram-se nos últimos meses, com várias urgências obstétricas a fecharem por falta de médicos em todo o país.
Temido anunciou um plano de emergência para o verão, mas os problemas mantiveram-se, e com efeitos trágicos. Em julho, um bebé morreu durante uma cesariana de urgência no hospital das Caldas da Rainha devido ao encerramento do bloco de partos.
No mesmo mês, um outro bebé perdia a vida, depois de a mãe ter feito mais de cem quilómetros à procura de um hospital.
O caso mais recente foi conhecido nas últimas horas: Uma mulher de 34 anos, grávida de 31 semanas, morreu, em Lisboa, depois de ter sofrido uma paragem cardiorrespiratória durante a transferência de ambulância de Santa Maria para São Francisco Xavier. A grávida estava a ser transferida porque em Santa Maria não havia vaga para o bebé quando fosse provocado o parto, uma medida urgente para salvar a vida da mãe.
A ministra demissionária é doutorada em Saúde Internacional pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, mestre em Gestão e Economia da Saúde, pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, e é licenciada em Direito, pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
Marta Temido também foi subdiretora do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa e presidente do conselho diretivo da Administração Central do Sistema de Saúde, assim como membro do conselho de administração de vários hospitais do Serviço Nacional de Saúde.