"Matéria de segurança é sagrada." Ministro valoriza relatório sobre controlo em aeroportos portugueses
Pedro Nuno Santos afirma que, agora, é preciso perceber se "os procedimentos que, entretanto, foram adotados pela NAV são suficientes ou não".
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O ministro das Infraestruturas e da Habitação considerou, esta sexta-feira, que o relatório do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários, que aponta falhas graves no controlo de tráfego aéreo, é "importante para que se possa avaliar exatamente o que aconteceu" nos aeroportos portugueses.
"Obviamente, a matéria de segurança é sagrada para nós, e os incidentes foram graves", admite Pedro Nuno Santos, e acrescenta que é preciso perceber se "os procedimentos que, entretanto, foram adotados pela NAV Portugal -Navegação Aérea são suficientes ou não".
O ministro afirma que "é preciso dar uma palavra de confiança, porque nós temos uma empresa de gestão de tráfego aéreo que é altamente respeitada e conceituada na Europa e no Mundo, mas obviamente que não desvalorizamos os incidentes, que foram graves", reforça.
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Um relatório do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários aponta falhas graves no controlo de tráfego aéreo nos aeroportos portugueses. O documento secreto, ao qual o Expresso teve acesso, refere falhas como registos de assiduidade e pontualidade manipulados ou controladores que têm televisão para passar o tempo. O relatório considera mesmo que houve "acidentes que foram evitados por acasos excecionais".
São dois os casos citados no documento: um no final de abril de 2021, no Porto, outro já este ano, em Ponta Delgada, nos Açores. Em ambos os casos, houve aviões autorizados a aterrar quando estavam carros de apoios - os chamados follow me - na trajetória das aeronaves. Nos dois incidentes só havia um controlador na torre, quando as regras das escalas e de segurança estipulavam a presença de outros elementos.
O relatório diz que, em cada situação, o acidente apenas "foi evitado por acasos excecionais". De resto, ao longo de mais cem páginas, os investigadores colocam em causa o serviço assegurado pela NAV, os equipamentos garantidos pela gestora dos aeroportos nacionais ANA e a própria supervisão da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC).
O documento aponta falhas nos manuais dos controladores aéreos. Há referências a procedimentos obsoletos, alguns com mais de 15 anos.