A empresa de navegação aérea afirma que "continua totalmente empenhada e comprometida com a segurança operacional no âmbito da prestação de serviços de controlo de tráfego aéreo".
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A empresa de navegação aérea, NAV Portugal, garante que está a preparar uma resposta ao relatório do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários, que revela falhas graves no controlo de tráfego aéreo nos aeroportos portugueses.
"Nos termos da legislação em vigor aplicável, a NAV Portugal, enquanto destinatária das recomendações de segurança, tem um prazo para exercer o direito de contraditório. O prazo para o exercício desse direito ainda decorre, pelo que até lá a NAV Portugal reserva-se por questões regulatórias, legais e de ética profissional de comentar em público o conteúdo do relatório e as suas recomendações, além de que na convicção da NAV Portugal as mesmas sofrerão ainda alterações em virtude do contraditório que a NAV Portugal vier a apresentar", pode ler-se numa nota enviada à TSF.
A NAV Portugal confirma que foi notificada em setembro sobre o "projeto do relatório" aos incidentes ocorridos no Aeroporto do Porto, em abril de 2021, e no Aeroporto de Ponta Delgada, em maio de 2022, e afirma que "continua totalmente empenhada e comprometida com a segurança operacional no âmbito da prestação de serviços de controlo de tráfego aéreo, sendo aliás reconhecida internacionalmente como um prestador de excelência pelos seus pares, pelas operadoras aéreas e demais stakeholders".
"A NAV Portugal reitera plena confiança no desempenho da sua missão, permitindo que as aeronaves descolem, sobrevoem e aterrem no nosso espaço aéreo e nos nossos aeroportos nas melhores condições de segurança", acrescenta a empresa de navegação aérea.
O relatório secreto do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários, ao qual o Expresso teve acesso, aponta falhas como registos de assiduidade e pontualidade manipulados ou controladores que têm televisão para passar o tempo. O relatório considera mesmo que houve "acidentes que foram evitados por acasos excecionais".
Nos dois casos citados no documento, no Porto e em Ponta Delgada, houve aviões autorizados a aterrar quando estavam carros de apoios - os chamados follow me - na trajetória das aeronaves. Em ambos os incidentes só havia um controlador na torre, quando as regras das escalas e de segurança estipulavam a presença de outros elementos.
São também identificados, em vários aeroportos, elementos de distração nas torres de controlo: há televisões, telemóveis, máquinas de café e espaços de convívio, num ambiente que devia ser estéril e propício à concentração, algo fundamental numa tarefa crítica para a segurança do tráfego aéreo.
Até ao final da próxima semana, o relatório está na fase de recolha dos comentários das partes. Até ao final do ano, deve estar concluída a versão final do documento.