O ministro da Saúde voltou esta tarde a garantir que não cede à pressão mediática e das farmacêuticas para pagar qualquer preço por medicamentos que estão num mercado monopolista. Paulo Macedo fez estas declarações depois de uma conversa de 45 minutos com familiares de doentes infetados com Hepatite C.
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A conversa aconteceu no Parlamento, depois de o ministro ter sido confrontado com os reparos dos doentes, que continuam a não ter acesso aos medicamentos.
O ministro da Saúde recebeu os filhos de duas doentes com hepatite C, que assistiram à audição do governante no Parlamento, tendo garantido que iria averiguar a razão de uma das doentes ter falecido sem receber um medicamento inovador
No final de uma audição na Comissão Parlamentar da Saúde, que durou mais de quatro horas, Paulo Macedo recebeu David Gomes e Ivo Miguel, numa sala longe dos olhares dos jornalistas.
«O ministro disse-nos, olhos nos olhos, que iria averiguar o que aconteceu no caso da minha mãe e porque é que ela não recebeu o medicamento Sofosbuvir [alvo de negociações para redução de preço entre a farmacêutica e o Ministério da Saúde]», afirmou David Gomes aos jornalistas, no final da reunião com Paulo Macedo.
David Gomes quer saber a razão pela qual a mãe, «que pelos vistos era uma doente tão prioritária que acabou por morrer», não recebeu o fármaco.
No encontro, Paulo Macedo terá explicado a David Gomes e Ivo Miguel as negociações que decorrem com o laboratório. «Temos de pressionar as farmacêuticas», disse David Gomes, que continua com a intenção de processar o Estado e o Ministério da Saúde.
Recusando a ideia de que no encontro o ministro da Saúde terá feito uma lavagem cerebral, Ivo Miguel corroborou a ideia de que não se deve pressionar apenas o Ministério da Saúde, mas também o laboratório.
Paulo Macedo adiantou aos jornalistas que, no decorrer da reunião, David Gomes lhe terá transmitido que o hospital onde a mãe foi seguida já terá aberto um inquérito para averiguar o que se passou.
O ministro tinha afirmado, ainda no decorrer da audição, que se comprometia «pessoalmente» a verificar o circuito das autorizações de utilização excecional de medicamentos, como o Sofosbuvir, para a hepatite C, de modo a averiguar como pode ser melhorado.
David Gomes revelou ainda que elaborou uma carta para a presidente da Assembleia da República contra a forma como o deputado social democrata Miguel Santos se dirigiu a si e a Ivo Miguel, sugerindo que abandonassem a sala da comissão, após um doente se ter exaltado e gritado com o ministro da Saúde.