Mirandela organiza cordão humano em protesto pelo encerramento da urgência cirúrgica
Valência está fechada, por agora, até ao final do mês, mas a presidente do Município entende que esta é uma forma de fazer pressão sobre a administração da Unidade Local de Saúde do Nordeste para que o encerramento não se torne definitivo.
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A especialidade de cirurgia-geral da urgência do hospital de Mirandela, está, desde o passado dia 8 de outubro, sem qualquer especialista de serviço, e assim vai estar pelo menos até ao dia 30 de novembro, dado que é a data limite da validade das escalas.
Desde então, os doentes que necessitam de ser vistos por um profissional de saúde daquela área, ou que tenham de ser submetidos a uma intervenção cirúrgica urgente, estão a ser encaminhados para o serviço de urgência do Hospital de Bragança, a 60 quilómetros de distância.
Os três cirurgiões que sempre estiveram afetos ao serviço de urgência do hospital da cidade mirandelense foram alocados, desde aquela data, à urgência do hospital de Bragança, da mesma área de abrangência da Unidade de Local de Saúde do Nordeste - a entidade que gere os hospitais do distrito brigantino - alegadamente, por constrangimentos na elaboração de escalas devido à recusa da maioria dos médicos em realizar trabalho extra para lá das 150 horas.
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A falta de respostas por parte da ULS do Nordeste, está a deixar preocupada a população, receando que a valência já não volte a abrir, tal como aconteceu com maternidade encerrada em 2006. Perante esta incerteza, o executivo da câmara decidiu avançar para a realização de um cordão humano de abraço ao hospital de Mirandela, no próximo sábado.
"Queremos evitar mais encerramentos, quer da urgência médico-cirúrgica, quer de outros serviços de saúde e como estaremos sempre ao lado da população estamos a convocar todos para este abraço ao hospital para que a partir de 30 de novembro voltemos a ter a urgência aberta", afirma a autarca socialista Júlia Rodrigues
Apesar de várias tentativas, a administração da ULSNE nunca deu qualquer explicação oficial para esta medida, nem tão pouco esclarece se será apenas provisória ou poderá vir a ser definitiva, tendo em conta que dois dos três especialistas, agora alocados a Bragança, já têm uma idade avançada e se não houver novas entradas pode estar em causa, em definitivo, aquela valência em Mirandela.
Por essa falta de garantias, Júlia Rodrigues entende ser justificada a iniciativa do próximo sábado. "Foi-nos dito que esta situação ficava a dever-se à greve dos médicos às horas extraordinárias que tem causado esta situação caótica nas urgências de todo o país, mas a nossa preocupação é que esta situação temporária passe a definitiva", acrescenta.
Questionada sobre a razão de só agora reagir a esta situação, que já se arrasta há 44 dias, a presidente da câmara de Mirandela justifica-se. "Optamos por aguardar e verificar que estaríamos no bom caminho, mas as garantias que nos dão para a reabertura não são reais e por isso vamos agora partir para esta luta", refere Júlia Rodrigues.
Para já fica a confirmação de que o Município de Mirandela vai promover, no sábado, às 16h00, uma concentração e organização de um cordão humano junto da urgência do hospital.