Mitigar extrema-direita é "abrir uma brecha". Costa fala na prisão perpétua como "primeiro passo para racismo"
O primeiro-ministro garantiu que compôs o Governo para que a diversidade "não fosse fator de exclusão".
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António Costa voltou a criticar a direita "que abre a porta aos extremismo e ao desrespeito pela igualdade", e deu o exemplo da prisão perpétua que "quando se acha que não é bem perpétua, é o primeiro passo para que o racismo deixe de ser racismo". Num encontro com as mulheres socialistas, o líder do PS reafirmou que o maior perigo da extrema-direita, é quando consegue condicionar os partidos democráticos.
No segundo dia de campanha, António Costa manteve o alvo, com críticas à direita, e admitiu que "muito do que nós achávamos que eram adquiridos civilizacionais, na verdade, não são".
"Temos assistido, também em Portugal, a uma crescente presença de posições que têm na sua raiz o desrespeito fundamental pela pessoa humana. O maior perigo que representam é quando conseguem condicionar os partidos tradicionais, democráticos e do centro. Quando começam a mitigar e a normalizar as propostas com uma raiz desigualitária e de desrespeito pela pessoa humana, começamos a a abrir uma brecha, que não se sabe como vai desenvolver-se", atirou.
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António Costa deu o exemplo da prisão perpétua, que foi o tema central do debate entre André Ventura e Rui Rio, com o líder do PSD, alegadamente, a abrir a porta ao restabelecimento da prisão perpétua.
"Quando se começa a achar que a prisão perpétua pode não ser bem uma prisão perpétua, é o primeiro passo para se achar que o racismo não é bem racismo e a xenofobia não é bem xenofobia", acrescentou.
O líder socialista manteve ainda as críticas às propostas da direita para o Serviço Nacional de Saúde e Segurança Social, lembrando os novos protagonistas políticos "que aparecem com um ar muito moderno".
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"Quando começamos a dizer que podemos ter sistemas de Segurança Social, de natureza mista, onde parte dos recursos são confiados ao mercado, o que estamos a fazer é privar a solidez do contrato intergeracional, porque passamos a estar sujeitos às vicissitudes do mercado", disse.
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António Costa foi respondendo às perguntas de académicos e ativistas, que elogiaram a "diversidade" do Governo socialista, que contou pela primeira vez com uma ministra negra e uma secretária de Estado invisual. O primeiro-ministro garantiu, por outro lado, que compôs o Governo para que a diversidade "não fosse fator de exclusão".
"Tudo isto aconteceu, praticamente, sem que a sociedade tivesse dado conta disso. O que significa que a cultura de exclusão que alguns querem alimentar na sociedade, já não tem adesão na sociedade portuguesa", acrescentou.
O líder socialista apelou ainda à vitória sobre "os que querem impor fraturas na sociedade", na primeira e única ação de campanha do PS desta segunda-feira.