"Movidos a energias limpas." Carlos Moedas ambiciona sistema de transportes renovado

Reinaldo Rodrigues/Global Imagens (arquivo)
No Fórum TSF, o presidente da Transtejo, que faz 50 anos, afirmou que a empresa "ainda não tem o pessoal necessário" e anunciou contratações para o próximo ano
Em dia de cinquentenário da Transtejo Soflusa, o Fórum TSF pôs a política de transportes em Portugal no centro do debate. Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, numa mensagem enviada ao Fórum TSF, destacou dois grandes projetos que quer ver concluídos até ao final do mandato: o "elétrico 16, que vai ligar o Terreiro do Paço a Loures", e "um novo metrobus para ligar Lisboa a Oeiras, através de uma ligação Alcântara-Oeiras e Benfica-Oeiras".
Para o líder da autarquia, estas soluções vão "evitar que entrem muitos carros em Lisboa" e promover a utilização dos transportes públicos.
"Vamos manter, até 2029, a gratuitidade na utilização dos transportes públicos para os mais novos e mais idosos", acrescenta Carlos Moedas, garantindo também a continuação da "renovação da frota da Carris, com um grande plano de investimento". Desta forma, Moedas espera que "em 2030 todos os autocarros em Lisboa sejam movidos a energias limpas".
Em declarações no Fórum TSF, Rui Ribeiro Rei, presidente da Transtejo Soflusa - empresa que está a ser alvo de buscas pela Polícia Judiciária esta quarta-feira - considerou que a empresa "ainda não tem o pessoal necessário" para o trabalho exigido e anunciou contratações de trabalhadores para o próximo ano.
"Vamos contratar mais quadros no próximo ano: qualificados e 13 ou 14 para o serviço", adiantou, afirmando igualmente: "É consensual entre os sindicatos e os trabalhadores que precisamos de mais recursos para melhorar a operação."
Rui Ribeiro Reis garante que a Transtejo está também "a acelerar a formação dos marinheiros, maquinistas e mestres para poderem todos operar a frota elétrica", que, salienta, "é outro desafio".
Por seu lado, Fernando Nunes da Silva, especialista em mobilidade e antigo vereador da Câmara Municipal de Lisboa, defendeu que, nos últimos dez anos, a mobilidade na região piorou.
Ainda assim, identificou dois aspetos positivos, desde logo os passes mais baratos: "Trinta euros para circular em todos os meios de transporte no interior de um município e 40 para toda a Área Metropolitana de Lisboa é, de facto, extremamente importante. Estamos a falar de um euro por dia."
Para o especialista, este "foi dos acréscimos no poder de compra" das famílias, até porque já há um bilhete para famílias de 80 euros para todos os membros do agregado para a Área Metropolitana de Lisboa". Fernando Nunes da Silva evidencia ainda a gratuitidade no transporte para "pessoas com mais de 65 anos e jovens" como um aspeto positivo.
O ex-vereador realça "a reorganização do serviço de transporte em autocarro feito pela Carris Metropolitana" como outra conquista dos últimos anos.
Findos os elogios, o especialista aponta um problema: "Lisboa e Porto são as únicas áreas metropolitanas na Europa onde não há uma entidade que coordene e planeie todos os sistemas de transportes."
"A Autoridade Metropolitana de Transportes de Lisboa coordena a parte rodoviária, mas os barcos, o comboio suburbano e metropolitano sai tudo fora", assevera Fernando Nunes da Silva, acrescentando que "as empresas ficam, mas os ministros e os secretários de Estado mudam com uma frequência muito grande". O especialista vê na "lógica da concorrência" entre projetos (de ferrovia pesada e ligeira, metropolitano e autocarros) um erro, visto que, sublinha, a aposta devia ser a "complementaridade".
