O Presidente da República reconheceu que a TAP é "um tema sensível" e uma "preocupação para todos".
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, garantiu que não iria comentar a comissão de inquérito da TAP, mas sublinhou que nunca lhe passaria pela cabeça mudar o horário de um voo para satisfazer as suas necessidades.
"Nunca me passou pela cabeça essa ideia, que seria simultaneamente estúpida e egoísta. Só um político muito estúpido ia sacrificar 200 pessoas para partir um dia mais cedo ou mais tarde numa visita que se reajustaria facilmente. O Presidente nunca contactou ninguém sobre isso. Quando a questão foi feita ao chefe da Casa Civil foi explicado que era um disparate", garantiu Marcelo aos jornalistas na inauguração do Centro Interpretativo de homenagem ao soldado Milhões, herói da I Guerra Mundial, em Valongo de Milhais, concelho de Murça.
Na terça-feira, na comissão parlamentar de inquérito sobre a TAP, o deputado da Iniciativa Liberal Bernardo Blanco confrontou Christine Ourmières-Widener com uma troca de emails com o então secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, sobre uma eventual mudança de data de um voo que tinha como passageiro o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.
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Nesse email que dirigiu à presidente executiva da TAP, o ex-secretário de Estado das Infraestruturas Hugo Mendes argumentava que era importante manter o apoio político de Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que era o "principal aliado" do Governo mas que poderia tornar-se o "pior pesadelo".
No entanto, o chefe de Estado reconheceu que a TAP é uma preocupação para todos, uma vez que os portugueses "têm metido lá muito dinheiro" e não considerou de bom tom a reunião que juntou a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, deputados do PS e membros do Executivo em meados de janeiro para preparar a audição da CEO da operadora aérea no Parlamento.
"A TAP é um tema sensível em que se deve apurar tudo o que aconteceu, mas também um tema sensível em termos internos e externos. Fora do Parlamento, embora a propósito da TAP, não saiu bem aos olhos dos portugueses haver uma iniciativa para preparar o que seria a intervenção parlamentar. Mal comparado, era o mesmo que um professor fazer uma preparação de um exame com os alunos que vai examinar. Temos de admitir que não é propriamente esse o espírito de um exame. Penso que foi um desgaste para as instituições, desnecessário. É legítimo pedir ao Governo que faça por governar mais rápido e melhor e que esteja atento a estas situações que têm um desgaste muito superior aos factos em termos de imagem", acrescentou o Presidente da República.