"Não é não." Montenegro "confortável" com o PAN na Madeira vinca nega ao Chega
Líder do PSD garante que o acordo assinado na Madeira não vai contra nenhum dos princípios nem valores dos sociais-democratas.
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O líder nacional do PSD, Luís Montenegro, assinalou esta quarta-feira que o acordo de incidência parlamentar que o partido assinou com o PAN na Madeira é "eminentemente regional" e que não "contende com nenhum princípio e valor" dos sociais-democratas, embora tenha sido fechada num contexto regional e não nacional.
"As coisas são diferentes", apontou Montenegro em conferência de imprensa na sede do PSD, quando questionado sobre se o acordo madeirense pode ser traduzido para território continental, porque a "relação no contexto nacional não tem necessariamente de ser a relação num contexto regional".
O acordo firmado na Madeira entre PSD e PAN garantiu a Miguel Albuquerque o apoio parlamentar de 24 dos 47 deputados da assembleia regional em "condições de governabilidade e estabilidade", assinalou Montenegro, que explicou estar a "acompanhar" a situação.
Questionado sobre se deu indicações ao PSD/Madeira sobre com quem devia negociar este acordo, o líder nacional do partido respondeu apenas que a preferência pelo PAN "é a que os órgãos regionais do PSD determinaram e estão a executar".
"O líder nacional do PSD está totalmente confortável com a solução de Governo e de apoio parlamentar" encontrada na ilha, garantiu, adiantando que se a questão "se vier a colocar num panorama de eleições legislativas", o partido "assumirá as responsabilidades que tiver de assumir".
O acordo com o PAN "não só não contende com nenhum valor nem princípio do PSD, como também não contende como todo o apoio e trabalho que estamos a desenvolver com os agricultores e mundo rural português, fatores que consideramos prioritários até ao nível da revisão constitucional".
Perante a insistência dos jornalistas acerca da possível tradução do acordo regional para uma dimensão nacional, Montenegro assinalou apenas que, se um dia "tiver de escolher" apoios parlamentares - lamentando ser isso sinal de que não conquistou uma maioria absoluta -, tal significará que venceu eleições e está "em condições de formar uma maioria".
Desafiado a escolher entre IL e PAN, Montenegro repetiu que "há uma força política" que o PSD exclui.
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Chega? "Não é não"
O presidente do PSD reforçou que "não é não" e excluiu novamente o Chega de qualquer "acordo político de governação" que venha a ter de fazer no futuro, dizendo que "não vale a pena alimentar mais este assunto".
Na noite eleitoral da Madeira, disse que não haveria qualquer solução governativa nem na região, nem no continente com este partido. Desafiado a clarificar o que acontecerá se precisar do partido liderado por André Ventura após as próximas legislativas, respondeu: "É muito simples, não é não."
"Eu nunca farei um acordo político de governação com o Chega", disse, considerando que tem sido claro desde o Congresso do PSD, no verão de 2022.
"Sei que se faz uma grande teorização acerca da fórmula que escolhi para exprimir a minha posição - foi sempre a mesma, por ventura de maneiras diferentes. Chegou uma altura em que não vale a pena alimentarmos mais esse assunto: não é não", reforçou.
Questionado como agirá se um dia precisar do Chega para ser primeiro-ministro, Montenegro remeteu uma vez mais para as suas declarações no Congresso do PSD.
"Se algum dia eu estiver confrontado com um cenário em que tenha de abdicar dos meus princípios e valores e da minha palavra eu não vou claudicar, vou sempre estar do lado dos meus princípios e dos meus valores. Não é não, ponto final", repetiu.
Questionado se essa posição de exclusão do Chega é extensível aos Açores, onde o PSD fez um acordo de incidência parlamentar com o partido de André Ventura, Montenegro apenas respondeu que acompanhará as eleições previstas para o próximo ano nessa região autónoma "com o desejo de que o resultado seja igual ou melhor" ao da Madeira, em que o partido ficou a um deputado da maioria absoluta.