PSD "sempre teve preocupação climática". Moedas vê com naturalidade acordo na Madeira
Sobre a crise na habitação, Carlos Moedas sublinha que teve a "coragem" de assinar um investimento de "560 milhões de euros", um esforço que "nunca ninguém tinha feito", e adianta que já entregou "1300 chaves".
Corpo do artigo
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, defendeu esta terça-feira que o acordo de incidência parlamentar do PAN com a coligação "Somos Madeira" é "normal" até porque o PSD "sempre teve uma preocupação climática". Ainda assim, o autarca reconhece que no continente "a solução poderia ser diferente".
Em entrevista no programa CNN Prime Time, Carlos Moedas fez uma retrospetiva dos últimos dois anos enquanto presidente da Câmara de Lisboa. Analisando o caminho traçado pelo PSD na Madeira, o edil considera que foi "importante" a clarificação feita em relação ao Chega, sobretudo "para os eleitores".
Numa altura em que existe uma "fragmentação democrática muito grande", o autarca considera que é necessário vincar certas posições políticas, assumindo assim que, em Lisboa, sempre foi "claro": "Não governo com o Chega. Aliás, nem governo com a Iniciativa Liberal."
"Somos o partido com mais cuidado na ação social, a encontrar soluções para os outros", garante, defendendo que a questão não se prende com uma governação de uma aliança "de esquerda ou de direita", mas sim com uma governação "de proximidade".
"Eu, como presidente da câmara, não preciso do Chega, mas tenho um respeito enorme por aqueles que votam no Chega, porque não encontram Governo à altura", diz.
Sobre a crise na habitação, o autarca considera que o seu executivo camarário tem sido aquele que mais tem trabalhado para apoiar os lisboetas.
"Em Lisboa, fizemos mais num ano do que nos últimos dez anos", atirou, avançando que, no total, já entregou "1300 chaves a famílias lisboetas".
O líder da Câmara de Lisboa explica, ainda, que a sua política tem sido a de "fazer, construir e dar mais apoio", tendo por isso procurado reabilitar casas que estão vazias para alojar os cidadãos. Moedas lamenta, no entanto, que a mesma atitude não possa ser identificada no Governo, que acusa de viver sobretudo "de anúncios", destacando que as pessoas "precisam de ajuda hoje".
O autarca sublinha que já reduziu "1% do IRS dos lisboetas" e que a sua ambição é pedir mais 1%.
"Queremos que os lisboetas recebam de volta 4,5% do IRS", afirma, sublinhando que "mais importante do que falar em futuras diminuições, o importante é fazer".
Reconhecendo, contudo, que ainda existem muitos cidadãos sem chaves na mão, Moedas diz sentir "um nó no estômago" cada vez que sabe que há alguém sem casa para habitar.
"A cada pessoa que eu não consigo dar uma chave, é uma dor profunda", confessa, afirmando que é a luta por uma habitação digna que o faz "levantar" todos os dias.
O autarca destaca ainda que já assinou um investimento de mais de 560 milhões de euros para habitação em Lisboa, um esforço que "nunca ninguém tinha feito antes".
"Tenho um orgulho enorme no trabalho que tenho feito nestes últimos dois anos. Fizemos mil vezes mais do que foi feito anteriormente", defende.
Questionado sobre a dificuldade enfrentada pelos imigrantes na chegada a Lisboa, Carlos Moedas destaca que a "responsabilidade de tudo o que é a migração é do Governo central".
Ainda assim, o autarca sublinha que a construção "de um centro de acolhimento" por parte da câmara e revela que já conseguiu mais de 400 casas para pessoas sem abrigo.
"Não precisamos de uma política de imigração fora do controlo, em que todos entram e são abandonados", destaca, afirmando que "quem vem para Lisboa é lisboeta, venha de onde vier".
Já sobre o retorno da Jornada Mundial da Juventude, o autarca reforça aquilo que tem sido o seu discurso, e afirma que está "seguro" do sucesso do evento, garantindo que estará presente para assumir a sua "parte". Além do retorno financeiro, o autarca destaca que o maior evento da Igreja Católica chegou a "500 milhões de lares".
"Os eventos mais importantes no mundo, como o Super Bowl, não atingem nem metade desses valores. Se tivéssemos de contratar uma campanha publicitaria para meter Lisboa em 500 milhões de lares, quanto é que isso não ficaria?", questiona, afirmando que este foi um encontro que deixou Portugal "diferente".
Sobre a falta de números concretos, quase dois meses depois do evento, Carlos Moedas sublinha que "para se fazerem as contas bem, vai demorar tempo", adiantando, desde já, que Lisboa gastou "menos do que os 35 milhões de euros previstos".
"Tivemos um evento que marcou as nossas vidas. Foi o maior evento que tive de gerir na minha vida. Devemos estar felizes e não tentar diluir o sucesso. Foi grande, foi bom, fomos os melhores", defende.