"Não é o futebol que nos vai salvar." Ministro da Economia defende aposta "no que fica"
António Costa Silva destacou o Euro 2004 como um exemplo do que acontece quando se fazem estádios sem se pensar no futuro e alerta para a necessidade de pensar o Mundial como um evento a longo prazo e com consequências.
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O ministro da Economia saudou esta quarta-feira a decisão da FIFA de atribuir a Portugal, Espanha e Marrocos a organização do Mundial de 2030, mas lembra que não é o futebol que salva a economia portuguesa.
"É evidente que estou feliz com essa notícia, nós somos um país de amantes de futebol, vai ter impacto na economia, mas se quer que lhe diga, temos de fazer muito mais trabalho. Não é o futebol que nos vai salvar", avisou António Costa Silva, que falava aos jornalistas à margem do 'I Sustainable Blue Economy Investment Forum', que decorreu no Centro de Congressos do Estoril, em Cascais.
"Muito mais preocupado com aquilo que vai ficar para o futuro", o governante pede que ninguém se esqueça do "exemplo claro do Euro 2004", para o qual foram construídos estádios estando hoje alguns "desaproveitados".
Por isso mesmo, "mais importante do que o futebol e do que as coisas que são conjunturais", Costa Silva defende a aposta "naquilo que vai transformar a economia portuguesa".
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"É por isso que estamos a dar grande atenção não só ao nosso 'cluster' de energias renováveis, a ligação às indústrias verdes, a construção de equipamentos e manufatura no país e compreendermos que a indústria é absolutamente decisiva. Nós deixámos de industrializar o país, cometemos erros que ainda nem sequer foram analisados ao longo de décadas", acrescentou.
Questionado sobre se o investimento no Euro 2004 tinha sido um erro, o ministro escusou-se a pronunciar-se sobre o tema.
"O investimento está feito, acho que devemos investir em futebol, em estádios desde que não nos esqueçamos aquilo que é permanente, que é transformador para a economia portuguesa", salientou.
Ou seja, "podemos fazer as duas coisas, não nos centrarmos só numa que é conjuntural e esquecer as outras, e hoje estamos a fazer investimentos em eventos como 2030, mas simultaneamente a tentar esta grande transformação da economia portuguesa que é possível", disse António Costa Silva.
"Um dos erros e dos defeitos que nós temos enquanto povo é que somos muito individualistas, trabalhamos pouco uns com os outros e é por isso que as Agendas Mobilizadoras no âmbito do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] são transformadoras", rematou.
O Campeonato do Mundo de futebol de 2030 vai ser organizado por Portugal, Espanha e Marrocos, anunciou hoje a FIFA, após a reunião do Conselho do organismo.
Portugal estreia-se em Mundiais, depois de ter recebido o Euro 2004, a Espanha o Euro 1964 e o Mundial 1982, enquanto Marrocos acolheu a Taça das Nações Africanas (CAN) em 1988.
Esta vai ser a primeira vez que um Mundial será repartido por seis países. Uruguai, Argentina e Paraguai vão receber três jogos do Mundial, como forma de "celebrar o centenário" da competição, cuja primeira edição decorreu no Uruguai, em 1930.