"Não é paralela à questão securitária." Vítima de violência é "dimensão principal" no planeamento da JMJ
A APAV vai formar mais de 20 mil chefes de equipa e voluntários do evento para prevenir e responder a casos de violência.
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Pela primeira vez numa Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o planeamento vai ter uma preocupação particular com as possíveis vítimas de violência durante o evento. A Fundação JMJ contratou a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) para desenhar a melhor forma de intervir nesses casos.
"É claramente inovador. Ou seja, quando há o planeamento deste tipo de eventos, há sempre uma preocupação securitária, há sempre essa preocupação com potenciais vítimas. A questão é que, neste momento, a Jornada acaba por ser inovadora, porque o olhar da vítima e o cerne da atuação centra-se na vítima e há equipas que estão dedicadas em exclusivo a formar, a capacitar e também dedicadas a apoiar potenciais vítimas de crime", explica Carla Ferreira, da APAV, à TSF.
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E complementa: "Não é apenas uma dimensão paralela à questão securitária, é uma dimensão que a vítima tem que é uma dimensão principal. É, portanto, algo que é completamente inovador na JMJ, é completamente inovador também para Portugal. A vítima ter a sua própria dimensão no planeamento de um evento desta dimensão."
O primeiro passo para precaver esses potenciais casos de violência é a formação que vai abranger mais de 20 mil pessoas.
"Nós estamos a falar de formar todo o comité organizador de Lisboa, todos os voluntários. Estamos a falar na ótica de cerca de 200 pessoas - todos os chefes de equipa dos voluntários - e os próprios voluntários também vão ter formação nesta dimensão - 20 mil voluntários", revela.
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Além da prevenção, o planeamento também estará focado na reação a casos de violência.
"Isto pode acontecer dentro dos grupos, mas também pode acontecer fora dos grupos para com pessoas dos grupos. Estamos a falar de fenómenos transversais e essa preocupação tem de existir de forma transversal. Da mesma forma que nos preocupamos com criminalidade patrimonial - com furtos, roubos, etc. - não estamos a pensar que vão ser os jovens que vão andar-se a roubar uns aos outros. É importante também pensar na dimensão da quantidade de pessoas que estão além da JMJ, que estão no contexto, no mesmo espaço, em que estão os peregrinos", afirma Carla Ferreira.
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A APAV considera que é preciso "olhar para os riscos de violência não apenas dentro do grupo de peregrinos, mas em relação ao exterior, a todas as outras pessoas que vão estar a circular na cidade, que vão estar na cidade ou que são habitantes da cidade", ou seja, numa "perspetiva mais global".
A estimativa é que a Jornada Mundial de Juventude leve a Lisboa mais de um milhão de pessoas a partir do final de julho. Um ambiente propício a situações de violência. Além das forças de segurança, desta vez, há uma preocupação específica em acolher e orientar as potenciais vítimas.