"Não fazemos isso aos ingleses" que chegam a Portugal. Isolamento de crianças é "dramático"
O Instituto de Apoio à Criança considera que a norma de isolamento para crianças que são institucionalizadas durante a pandemia não é nem justa, nem adequada, nem proporcional.
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A medida de isolamento profilático imediato das crianças que chegam às instituições para cumprir o tempo de incubação afastadas dos restantes residentes continua a reunir discórdia. Desta vez, é o Instituto de Apoio à Criança a insurgir-se contra a orientação da DGS, que determina o isolamento obrigatório até em caso de rastreio negativo.
Depois de Carla Ferreira, da rede Care da APAV, e de Luís Villas Boas, do refúgio Aboim Ascensão, que na quinta-feira teceram críticas à aplicabilidade da medida, é a vez de Dulce Rocha, presidente do Instituto de Apoio à Criança, considerar "dramático" que as autoridades de saúde se tenham decidido por uma regra que não é "justa" para os menores. "Fiquei a achar que era uma decisão injusta, porque qualquer decisão justa tem de ser adequada, proporcional e razoável, e parece-me que isto não é nenhuma dessas coisas", sublinha a responsável.
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Dulce Rocha também aponta a desproporcionalidade entre as exigências feitas às crianças institucionalizadas e a turistas que entram em território nacional: "Se se faz o teste e dá negativo, ainda se vai ter cuidados acrescidos que não são exigíveis noutras circunstâncias? Não fazemos isso aos ingleses nem aos espanhóis. Exigimos-lhes o teste, ponto final."
A norma, salienta a representante do Instituto de Apoio à Criança, "tem de ser devidamente explicada", até porque "tem de haver alternativas que provoquem menor sofrimento às crianças".
"Não podemos colocar em risco a sua saúde mental e o seu bem-estar", assinala Dulce Rocha, receosa com o agravamento do estado das crianças que chegam às instituições. "Ainda estamos à espera da recomendação da Provedoria de Justiça, que, tenho a certeza, virá nesse sentido de que não é adequado nem proporcional ou justo", remata.
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