"Não sei se proibir é muito pedagógico." Nesta escola os telemóveis são ferramentas de trabalho
Na escola secundária de Camões os alunos não só podem usar os telemóveis como estes são instrumentos de trabalho.
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Várias escolas um pouco por todo o país passaram a proibir o uso dos telemóveis nos recintos dos estabelecimentos, seguindo indicações de vários estudos internacionais. Um relatório da UNESCO apela mesmo à proibição do uso dos aparelhos em contexto escolar, depois ter chegado à conclusão que os elevados níveis de tempo de ecrã diminuem o desempenho escolar e têm um efeito negativo na estabilidade emocional das crianças.
Mas esta proibição não se estende a todos os estabelecimentos de ensino. Em Lisboa, na escola secundária de Camões, os telemóveis continuam a ser utilizados. João Jaime Pires, diretor da escola, adianta à TSF que "na escola secundária de Camões, o telemóvel não é apenas um instrumento para falar. Da nossa parte, muitas das vezes, o telemóvel também pode ser um objeto de trabalho. Eu percebo que as escolas têm de encontrar soluções para situações onde a questão pedagógica, a questão da aula, seja perturbada pelo excesso de telemóvel".
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O diretor desta escola reconhece que é preciso encontrar soluções para algum uso excessivo dos telemóveis. Ainda assim, João Jaime Pires sublinha que é preciso alguma contenção com a palavra proibir.
"Por trás disto há uma palavra que é proibir. E se começa a ser muito utilizada, não sei se é muito pedagógico. E é nesse contexto que nós trabalhamos. Tentamos trabalhar no sentido de encontrar formas de, sem proibir, podermos usar o telemóvel. Há também um contrassenso porque o próprio Ministério da Educação colocou uma rede aberta para os alunos, fechando alguns programas que, eventualmente, podem ser mais lúdicos. Com alguns cuidados, trabalhar com o telemóvel pode ser um instrumento também de ajuda na aprendizagem. Proibir tem de ser analisado, de escola a escola, e as escolas devem ter autonomia para decidirem", adianta João Jaime Pires.