O opositor de Inês Sousa Real na corrida à liderança do partido afirma que aquilo que mais separa as duas candidaturas é o nível de democracia, e não as ideias políticas.
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Nelson Silva, candidato à liderança do PAN, assume como objetivo recuperar a credibilidade do partido. O adversário de Inês de Sousa Real tece críticas àquilo que classifica como falta de democracia interna, queixa-se do curto tempo dedicado a ouvir os filiados do partido no congresso e da falta de espaço para quem pensa diferente.
"Nós sempre tivemos congressos de dois dias, quando era lista única. Temos agora uma situação de duas listas, com várias moções setoriais, e um congresso de um dia é claramente insuficiente", lamentou Nelson Silva, em declarações à TSF.
Para o candidato à liderança do PAN, justificar a curta duração do congresso com a situação financeira do partido "não é minimamente plausível". "Se realmente é verdade, então temos de analisar as finanças do partido, porque antes tínhamos uma subvenção menor e fizemos sempre congressos de dois dias", atirou.
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Nelson Silva, que, no passado, confessara-se receoso de alguma imparcialidade na eleição dos delegados para este congresso, afirma que esses receios "confirmaram-se". Cerca de 70% dos delegados que acabaram por ser eleitos são afetos à liderança de Inês Sousa Real. Ainda assim, o ex-deputado do PAN diz "continuar a confiar na consciência individual dos militantes".
A lista B, que representa o movimento "Mais PAN, Agir para Renovar", crítico da atual direção do partido, diz querer "abrir o partido aos militantes, dar o mesmo tipo de voz a todos" e acabar com a lógica "filiados de primeira e filiados de segunda".
"Queremos que exista uma real e efetiva separação de poderes decisórios dentro do partido, para que exista uma maior fiscalização, um maior debate, um maior compromisso", acrescentou.
Apesar de ser acusado, pela linha partidária de Inês de Sousa Real, de querer reduzir a componente animalista do partido, Nelson Silva rejeita que assim seja. "Quem faz esse tipo de acusações não entende o que é a ecologia", retorquiu.
"As linhas programáticas são semelhantes. Nós olhamos para a ecologia como um todo, não separamos nenhuma causa", continuou, sublinhando que as divergências entre as duas candidaturas são, muito mais, "a nível de democracia".
"Queremos um partido em que a Comissão Política Nacional são vinte ou trinta pessoas que controlam tudo o que se passa no partido (...) ou um partido em que as bases têm autonomia, conseguem participar no debate e há uma efetiva separação de poderes?", questionou.
Nelson Silva espera, de qualquer modo, que o PAN saia deste congresso "mais reforçado enquanto partido". Se os filiados estiverem do lado da lista que encabeça, deixa já traçados os objetivos para o futuro: "Recuperar a credibilidade que o partido perdeu, recuperar a confiança dos eleitores que perdemos entre 2019 e 2022 e, obviamente, eleger um representante na Assembleia Legislativa da Madeira, recuperar para o Parlamento Europeu um eurodeputado e, depois, depende muito se o Governo cai ou não, mas seria muito interessante voltar a eleger para a Assembleia da República um grupo parlamentar".