"Lamentável." Inês Sousa Real rejeita críticas de falta de democracia interna no PAN
A atual porta-voz do partido animalista explicou como se distingue a visão que tem para o partido daquela que apresenta Nelson Silva, o adversário na corrida à liderança do PAN.
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A atual porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, rejeita as críticas de falta de democracia interna no PAN e diz que está disponível para voltar a unir o partido se, este sábado, for reeleita como líder.
"[É] lamentável. Em política não vale tudo, muito menos mentir e estar a trazer argumentos sem fundamentação interna. Nós temos trabalhado por uma forte democracia interna, participação de todas e todos os filiados e, portanto, não nos revemos nessa posição muito pouco saudável de fazer política, mas cá estaremos depois do dia de hoje, depois do resultado, e, caso os filiados decidam dar-nos a confiança de continuarmos a liderar o partido, para convocar a união e a coesão que são fundamentais, porque o PAN faz muita falta à vida política portuguesa", afirmou à TSF Inês Sousa Real, no congresso do PAN, que decorre este sábado em Matosinhos.
A representante do partido animalista explicou como se distingue a visão que tem para o partido daquela que apresenta Nelson Silva, o adversário na corrida à liderança do PAN.
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"Desde logo uma forte participação dos nossos eleitos e também dos grupos de trabalho, dos seus coordenadores. Têm assento automático neste conselho consultivo que é criado para dar apoio à comissão política permanente e também à comissão política nacional. Por outro lado, há também um cunho ideológico que esta lista traz na sua moção que se diferencia claramente da lista B. Não nos podemos esquecer que o PAN surgiu do ativismo, da causa animal. Esta é uma causa fundacional do partido que não poderá, de alguma forma, deixar de existir enquanto pilar essencial da nossa atuação, sem prejuízo dos três pilares que defendemos do ponto de vista ideológico, como a questão ambiental e também os direitos humanos. E depois há uma densificação ideológica e um debate que propomos fazer e que trazemos com esta moção, precisamente em torno do posicionamento económico e social do PAN por que tantas vezes ouvimos dizer que não fomos compreendidos quando dissemos que não éramos de esquerda nem de direita. Isso não significa que o PAN seja um cata-vento, muito pelo contrário", esclareceu a porta-voz do PAN.
A representante do partido não tem dúvidas de que há um espetro político no centro progressista que o PAN "pode e deve ocupar".
"Aquilo que pretendemos é dar um pontapé de saída para o debate ideológico, em particular na economia e nos direitos sociais, porque sabemos que são áreas que dizem muito às pessoas, ainda para mais com a crise a que estamos a assistir na habitação, do aumento do custo de vida, em que as pessoas não têm sequer dinheiro para pagar mensalmente as suas despesas básicas, como alimentação e alimentação dos animais de companhia ou até mesmo para aceder à educação, à saúde ou até ao pleno emprego. Há de facto aqui um debate importante que um partido ecologista como o PAN tem que trazer, porque, quando falamos de fiscalidade verde ou de uma economia sustentável, é importante que as pessoas saibam onde é que nos posicionamos também ideologicamente", defendeu.
Apesar de já ter viabilizado Orçamentos do Estado do PS, a porta-voz do PAN rejeita as acusações de que o partido tem sido uma muleta do Governo e garante que apenas defendem as suas causas e aprovam medidas que fazem diferença na vida das pessoas.
"Quando começou a ter representação na Assembleia da República, o PAN aprovou, com o voto favorável, um Orçamento do Estado que tinha uma medida para proteção animal de dois milhões de euros. Hoje, com uma abstenção, o PAN conseguiu verbas na ordem dos 13 milhões de euros, mais um milhão para os animais selvagens. Há um conjunto de respostas que o PAN tem conseguido dar, quer do ponto de vista nacional, quer municipal e regional que tem partido do seu diálogo. Não somos muleta de ninguém, temos feito uma oposição muito séria ao Governo, inclusive até neste caso em que o Governo tem estado completamente perdido, não só na sua maioria absoluta, mas tem dado um mau exemplo ao país, tem dado um sinal de que há quem tudo possa e que esteja acima de qualquer responsabilidade. Não nos revemos nesta forma de fazer política. Aliás, fomos os primeiros a pedir António Costa que dissolvesse o Governo e fizesse uma forma governativa. Nesse sentido, temos feito uma oposição responsável tendo sempre em vista um princípio basilar: as preocupações dos portugueses", recordou Inês Sousa Real.
Questionada sobre se irá manter a mesma postura com um governo do PSD, no futuro, Inês Sousa Real lembra que ainda não se sabe qual será o resultado das próximas eleições, mas afirma que o PAN estará sempre disponível "para fazer um consenso" e esforço para avançar nas causas que defende, independentemente da força governativa. No entanto, deixa um aviso.
"É claro que há linhas vermelhas naquilo que é uma perspetiva de viabilização, e aqui já estamos a falar de outras matérias de governos que possam, por exemplo, dar a mão a forças políticas de extrema-direita. O PAN definiu muito bem, desde muito cedo, essa linha vermelha e não estaremos disponíveis para ultrapassá-la", acrescentou a porta-voz do PAN.