Sousa Real defende "posicionamento ideológico". Nelson Silva quer PAN com "sentido de democracia"
As duas listas apresentaram as moções globais estratégicas com que concorrem à direção do partido.
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Inês de Sousa Real quer que o PAN se posicione ideologicamente em matérias como a economia e a transição energética, enquanto Nelson Silva afirma que o que difere as duas listas é o "sentido de democracia".
As duas listas concorrentes à liderança do partido, que realiza, este sábado, o seu nono congresso em Matosinhos, apresentaram, esta manhã, as moções globais estratégicas. A atual porta-voz, que se recandidata ao cargo, considera que o PAN pode ocupar um lugar ignorado pela política portuguesa.
"Defendemos que tem de haver um posicionamento ideológico no que diz respeito à nossa visão para a economia, a economia verde, a transição energética que deve ocorrer, mas também as políticas sociais. É um campo político que no nosso país não está claramente ocupado e que o PAN tem a potencialidade de ocupar", disse Inês de Sousa Real, que quer contrariar a ambiguidade com que o partido pode ser olhado, por sempre se ter recusado a definir-se como um partido de direita ou de esquerda.
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A moção da lista de Inês Sousa Real defende ainda a criação de um conselho consultivo e de uma estrutura de Juventude PAN, além de uma forte estratégia de comunicação externa e de debate interno.
No outro lado está Nelson Silva, líder da lista B, que reúne os descontentes com a atual gestão do partido, e que quer um PAN "com sentido de democracia", acreditando que esse caminho pode começar a ser seguido a partir deste congresso.
"Separar a causa animal da ecologia ou dizer que a ecologia é a mera proteção do ambiente não é só conceptualmente errado, mas também politicamente ignorante. Mas por mais propaganda interna que seja veiculada em forma de bolha com o objetivo de confundir, denegrir ou enganar, o que difere as duas moções globais de estratégia não são linhas programáticas, nem redefinições ideológicas do nosso partido. O que realmente difere estas duas moções hoje em debate é o sentido de democracia que queremos que o PAN tenha. É o tipo de partido que queremos de hoje em diante", defende o opositor.
A lista B defende estruturas locais mais fortes - considerando que a atual direção lhes roubou autonomia - e garante que, se sair vencedora, as eleições no partido passarão a ser diretas.
A escolha dos filiados do PAN vai ser feita entre as 16h00 e as 17h00 deste sábado, quando acontecem as votações para a Comissão Política Nacional (CPN) e para o Conselho de Jurisdição Nacional (CJN). O anúncio dos resultados é esperado às 19h30.
A acompanhar essa divulgação dos resultados estarão presentes representantes do Governo e de outros partidos políticos. Pelo Executivo, será o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes, quem irá marcar presença. Estarão também responsáveis políticos de todos os partidos com assento parlamentar, à exceção do Chega, além de outros partidos agora sem representação no Parlamento, como o CDS, e o outro partido declaradamente ecologista em Portugal, Os Verdes.