"Obviamente pedimos desculpa." Governo lamenta ausência no 6.º aniversário dos incêndios de 2017
À TSF, Ana Abrunhosa reconhece que todo o Governo ficou desconfortável com críticas dos últimos dias. A ministra da Coesão Territorial assegura que o Governo "sempre teve a intenção de fazer uma cerimónia de homenagem" e garante que as vítimas "não foram esquecidas".
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Em nome de todo o Governo, Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, pede desculpa aos familiares das vítimas dos incêndios de 2017 pela ausência do Executivo no sexto aniversário dos fogos de Pedrógão Grande, que se assinalou no sábado.
A decisão de não se fazer qualquer inauguração oficial de um monumento com os nomes de todos os que morreram nos fogos de 2017 causou indignação e levou a Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande a dizer que o país esqueceu-se da tragédia.
Agora, já depois do dia que assinalou o sexto aniversário desde os grandes incêndios de 2017, Ana Abrunhosa pede desculpa em nome de todo o Governo, o que inclui o primeiro-ministro, e garante que vai haver uma homenagem.
"Nós tivemos sempre a intenção de fazer uma cerimónia de homenagem. Não o fizemos no próprio dia, porque este dia costuma ser um dia de recolhimento, onde apenas se celebra uma missa e para a qual o governo costuma ser convidado e, aliás, também sua excelência o senhor Presidente da República. Não foi nossa intenção, de algum modo, fazer com que as vítimas, os seus familiares e amigos se sentissem abandonados. A partir do momento em que a verificámos que esta nossa decisão provocou dor, obviamente que temos que pedir desculpa e dizer que não foi essa a nossa intenção e que não foram esquecidas as vítimas", explica à TSF Ana Abrunhosa, sublinhando: "É um pedido de desculpas do Governo no sentido de nunca foi nossa intenção, de todo, provocar mais dor com esta nossa decisão."
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A ministra da Coesão assume que foram as críticas dos últimos dias que levaram o Governo a falar este domingo sobre o assunto.
"Obviamente que não podemos ignorar que esta nossa decisão, infelizmente, trouxe às vítimas, à associação das vítimas e aos seus familiares um sentimento de que foram abandonados", afirma.
Questionado sobre se foram essas críticas que levaram o Governo a reconsiderar, Ana Abrunhosa responde afirmativamente.
"Enquanto representante do Governo, gostaria de referir que lamentamos muito se, com esta nossa decisão, as pessoas se sentiram abandonadas. Jamais poderemos esquecer a tragédia dos incêndios do verão 2017, que causaram vítimas não só em Pedrógão, em junho, mas também em outubro e, por isso, a nossa decisão foi deixar este dia mais reservado para as famílias e articular uma data que fosse oportuna para todos", acrescenta.
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A cerimónia de homenagem agora anunciada pela ministra da Coesão ainda não tem data, mas Ana Abrunhosa refere que será "muito oportunamente".
"Eu estou, aliás, em contacto com os autarcas e com a própria presidente da Associação das Vítimas, com quem falei para, além de transmitir a minha solidariedade também dizer que estamos a preparar esta homenagem", afirma.
A governante assegura ainda que nada vai mudar na gestão das verbas Fundo Revita.
"A única coisa que muda é que o facto dos valores do fundo estarem inscritos no orçamento, o que muda é uma maior transparência e absolutamente mais nada. É um fundo prioritário, portanto, não está sujeito a cativações e, em termos de gestão, continua exatamente a ser gerido da mesma forma. Recordo que o fundo tem 1,4 milhões e só poderá ser utilizado em projetos da região e sob proposta dos autarcas e de associações da região", esclarece, reforçando que "é o conselho de gestão que aprova qualquer proposta".
"Não temos dependente qualquer proposta de decisão e, portanto, é o conselho de gestão que continua a analisar as propostas e que aprovará", remata.