Ordem acusa ministro da Saúde de "desistir muito rapidamente" dos médicos portugueses
Embora não esteja contra a vinda de médicos estrangeiros para Portugal, Carlos Cortes considera que o Serviço Nacional de Saúde tem de ter capacidade para atrair clínicos portugueses. Em declarações à TSF, o bastonário da Ordem dos Médicos lança ainda um desafio ao Governo.
Corpo do artigo
A Ordem dos Médicos acusa o ministro da Saúde de desistir facilmente dos médicos portugueses, embora não esteja contra a vinda de médicos estrangeiros para Portugal. Ouvido pela TSF, o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, afirma que não têm sido desenvolvidos esforços suficientes para captar médicos portugueses.
De acordo com o Jornal de Notícias, o Governo quer contratar 300 médicos cubanos durante os próximos três anos, sendo que já foram pedidos pareceres à Ordem dos Médicos e ao Conselho de Escolas Médicas Portuguesas.
"O ministro da Saúde desiste muito rapidamente dos médicos portugueses. Nós sabemos que há, neste momento, uma grande dificuldade na captação e na fixação de médicos no Serviço Nacional de Saúde e é uma grande dificuldade, porque não têm sido desenvolvidos esforços precisamente para contratar esses médicos", explica à TSF o bastonário da Ordem dos Médicos.
Para Carlos Cortes, o primeiro objetivo "de qualquer ministro da Saúde português é criar as condições para captar médicos que já estão em Portugal e que já desenvolvem a sua atividade em Portugal para o Serviço Nacional de Saúde".
O bastonário da Ordem dos Médicos sublinha que a contratação de médicos estrangeiros "é uma solução de quem muito facilmente desiste de tornar o Serviço Nacional de Saúde mais atrativo para os médicos".
TSF\audio\2023\07\noticias\05\carlos_cortes_1
Carlos Cortes refere que o Serviço Nacional de Saúde tem de ter capacidade para atrair os médicos portugueses. O bastonário lança o desafio ao Governo de agilizar primeiro o processo dos cerca de 50 médicos ucranianos que estão em Portugal há um ano e que ainda não estão aptos a exercer.
"O SNS, obviamente, tem que ter capacidade de atração dos médicos que se encontram neste momento em Portugal", refere, dando o exemplo de 50 médicos ucranianos "que estão no nosso território a desenvolver uma atividade que nada tem a ver com a atividade médica".
"Penso que o próprio Governo devia dar um apoio para esses médicos poderem começar a desenvolver a sua atividade", considera.
Questionado sobre o que está a impedir os médicos ucranianos de prestarem serviços em Portugal, Carlos Cortes defende que "há um conjunto de procedimentos que tem a ver com o domínio da língua portuguesa em que o Governo podia dar um contributo para apoiar esses médicos", para que "possam muito rapidamente ter o reconhecimento do seu diploma e começar a exercer a sua atividade em Portugal".
TSF\audio\2023\07\noticias\05\carlos_cortes_2
Relativamente aos médicos cubanos que o Governo quer recrutar, a Ordem dos Médicos frisa que é importante que estes clínicos tenham as habilitações adequadas para poderem praticar medicina em Portugal, com segurança para os doentes e para a equipa em que estão integrados.