Pacheco Pereira desafia Moedas a assinalar 25 de Novembro com "homenagem nacional" a Ramalho Eanes
A intenção de Moedas de celebrar o dia 25 de Novembro subiu a debate n'O Princípio da Incerteza. Pacheco Pereira defende que Ramalho Eanes "tem um papel fundamental na consolidação da democracia em Portugal", Lobo Xavier sublinha a posição ambígua do PS e Alexandra Leitão considera que usar o 25 de Novembro em contraponto com o 25 de Abril não respeita a história do país.
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José Pacheco Pereira desafia Carlos Moedas a assinalar o próximo 25 de Novembro com uma homenagem nacional a Ramalho Eanes. A ideia foi defendida no programa da TSF e da CNN Portugal, O Princípio da Incerteza, onde se discutiu a intenção do presidente da Câmara Municipal de Lisboa de celebrar o dia 25 de Novembro.
"Eu faço aqui uma sugestão ao senhor presidente Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, dentro do espírito do 25 de Novembro: é que faça uma homenagem nacional ao general Eanes. Eu sei que o general Eanes não quer homenagens, mas esta deve ser feita mesmo à revelia da sua própria vontade", defende Pacheco Pereira.
"O general Eanes tem um papel fundamental na consolidação da democracia em Portugal e é por isso que se se quer comemorar o 25 de Novembro, como ele realmente aconteceu, uma homenagem nacional a um homem que foi uma pessoa chave na consolidação da democracia, que eu próprio critiquei muitas vezes, principalmente por causa do PRD, mas que respeito como um homem íntegro, um homem que nunca quis honrarias, nunca quis benefícios e que teve todo o poder do país na mão e que efetivamente o entregou a quem o deveria ter, que eram as forças civis e o funcionamento democrático", explica.
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A sugestão de Pacheco Pereira conta com o apoio de António Lobo Xavier. Relativamente à polémica em torno da celebração do 25 de Novembro, o conselheiro de Estado sublinha a posição ambígua do Partido Socialista, apesar de ter uma ligação estreita com o dia em causa.
"Eu percebo que o PS, por razões táticas, queira hoje outras companhias, experimentou a Geringonça, teve candidaturas à Câmara de Lisboa em que se aliou à esquerda, quer impedir a possibilidade do PSD liderar um Governo e, portanto, está sempre a ligar-se ao Bloco e ao PCP. Eu acho isso legítimo, mas reescrever a história que não", atira.
Para Lobo Xavier, "a história do PS é a história do combate e pela divisão entre democratas e não democratas e os que estavam do outro lado do 25 de Novembro são aqueles com que o PS agora diz que está próximo e não quer causar perturbações"
"Eu sei que tudo mudou, a história andou, os partidos mudaram, façam todas as táticas que quiserem, mas reescrever a história é que não", reitera. "O 25 de Novembro era do PS e é uma data que do que eu me lembro é de fonte luminosa, é do 25 de Novembro e é o PS justamente a cortar com aqueles que à esquerda e à direita também, obviamente, queriam acabar com a democracia", acrescenta.
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Já Alexandra Leitão devolve as críticas à direita. A deputada do PS considera que usar o 25 de Novembro em contraponto com o 25 de Abril não respeita a história do país.
"Quem criou uma imagem fraturante de 25 de Novembro foi uma certa direita que se tentou apropriar do 25 de Novembro como data contraposta ao 25 de Abril. O 25 de Novembro não é uma data contraposta ao 25 de Abril. Faz parte de todas as revoluções em que haja convulsões e foi nesse contexto que isso aconteceu. Não lhe retiro a importância que teve e que, aliás, foi bem explicada. Agora, se é por contraposição com o 25 de Abril, então, nesse caso, o 25 de Abril é a data e o resto são datas que têm importância, mas que obviamente não pode funcionar como contraposição ao 25 de Abril. Acho que fizeram mal, porque acho que ao criar essa imagem fraturante do 25 de Novembro começam a criar todo um contexto que não é o adequado até à luz da história", refere.
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O Presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, anunciou, enquanto discursava no dia 5 de Outubro, que a cidade vai festejar "com uma grande iniciativa o 25 de Novembro", além do 25 de Abril de 1974, "porque todas as datas contam".