O líder do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou que a greve geral de hoje teve uma «dimensão histórica», sendo «um forte abanão» no Governo, que deve agora tirar «ilações políticas».
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«A greve geral de hoje, com a dimensão histórica que alcança e a determinação que traduz, comporta um sinal claro. Constitui um forte abanão no Governo e na sua política», afirmou o líder dos comunistas portugueses, numa declaração enviada às redações.
Para o PCP, a paralisação convocada pela CGTP constitui ainda «uma forte exigência da derrota do Orçamento de Estado para 2013», que «não deve ser aprovado, promulgado ou aplicado», e «uma demonstração indesmentível da vontade dos trabalhadores e do povo português da rejeição do pacto de agressão [o memorando da ajuda externa]».
«A dimensão da greve geral exige que dela sejam retiradas todas as ilações políticas», destacou Jerónimo de Sousa.
Segundo o secretário-geral comunista, a greve teve «um profundo impacto em todo o país, nas diferentes regiões e setores de atividade».
«Na Administração Pública verificou-se uma larga e mais forte adesão», afirmou, acrescentando que atingiu «em várias regiões a maior expressão de sempre, como se verificou na Região Autónoma da Madeira» e fizeram greve «centenas de milhares de trabalhadores com vínculos precários», além de «muitos trabalhadores terem feito greve pela primeira vez».
«Com mais de um milhão e trezentos mil trabalhadores desempregados, um índice de precariedade muito elevado, os orçamentos familiares esmagados, carências cada vez maiores, ameaças, condicionamentos e ações repressivas, os trabalhadores aderiram massivamente à greve geral, numa enorme demonstração de coragem e determinação», considerou.
Jerónimo de Sousa acrescentou que«os propósitos de intimidação e repressão do Governo, designadamente procurando instrumentalizar as forças de segurança, com incidentes graves, nomeadamente a ação violenta da GNR sobre o piquete de greve na estação da Pampilhosa, não conseguiram os seus objetivos».
Para o líder do PCP,que divulgou esta declaração antes da carga policial em frente do Parlamento, «ressalta, contrastando com os propósitos do Governo, a atitude de respeito pelos direitos constitucionais evidenciada pela generalidade dos profissionais das forças de segurança, eles próprios vítimas desta política de desastre».
A greve de hoje, disse ainda, ganhou «mais atualidade» com a revelação pelo INE que o desemprego aumentou no terceiro trimestre e o «aprofundamento da recessão».
Saudando a CGTP, os portugueses e os trabalhadores europeus que, em muitos países, também hoje fizeram greves, Jerónimo de Sousa destacou ainda o aumento dos protestos nos últimos meses e apelou à sua continuação e intensificação.