Pedro Nuno critica "antigos e ultrapassados velhos do Restelo" e assume querer abrir novo ciclo ao país
Para o secretário-geral do PS, "não é uma 'recauchutada' AD, criada à pressão, que pode esconder o estado em que está o seu parceiro principal, o PSD".
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O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, considerou este sábado, no Congresso Nacional do PS, que amadureceu nos governos de António Costa e que só erra quem faz. O socialista não poupou críticas aos "antigos e ultrapassados velhos do Restelo" e admitiu querer "abrir um novo ciclo no país".
Pela primeira vez como secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos começou por recordar que o ano de 2024 vai ser marcado por várias eleições e expressou "o orgulho" no trabalho dos socialistas açorianos: "Temos a certeza que ganharemos as eleições nos Açores."
Pedro Nuno Santos prosseguiu o discurso com a garantia de que desta vez o PS "apoiará um candidato, como há muito tempo não o faz, honrando os dois melhores Presidentes que Portugal já teve: Mário Soares e Jorge Sampaio".
"Agradeço a todas e a todos a confiança depositada em mim. Farei o possível por merecer essa confiança e dar o meu melhor nestas funções," disse.
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"Tenho a perfeita noção de que este é um cargo de enorme responsabilidade, e que o Secretário-Geral do Partido Socialista carrega sempre nos seus ombros o peso das preocupações, das expetativas e das esperanças de muito portugueses de Portugal inteiro", acrescentou.
Durante o discurso, o novo secretário-geral do PS manifestou orgulho de ter feito parte da governação de António Costa "desde o primeiro dia."
"António Costa cunhou, em 2015, a expressão "virar a página da austeridade" para qualificar a mudança de política face à governação de 4 anos de direita. Mas o PS, sob a sua liderança, não virou apenas a 'página da austeridade', escreveu, sim, um capítulo novo e inteiro da nossa democracia," defendeu Pedro Nuno Santos.
O ataque aos "velhos do Restelo"
Depois das saudações, o líder do PS entrou numa fase de críticas à governação PSD/CDS: "Sabem porque não nos queixávamos, durante os governos do PSD/CDS, dos atrasos nas obras, camaradas? Era porque não havia obras, antes encerravam-se linhas e desistia-se da ferrovia. Parar, recuar, desfazer é e será sempre muito mais fácil do que decidir, avançar, construir. Aqui está a grande linha entre nós e eles: entre os que decidem, que fazem, que investem no progresso do país e aqueles que nunca passarão de antigos e ultrapassados 'velhos do Restelo'."
"Testemunhei os constrangimentos, as dificuldades, as resistências que se colocam a quem tem e quer fazer obra. Testemunhei, também, que só erra quem faz ou tenta fazer - ao contrário daqueles que nada fazem e nada tentam. Esses, posso garantir-vos, nunca erram. Mas porque nunca erram, nunca aprendem. Nunca melhoram," prosseguiu, recordando o mandato de ministro das Infraestruturas e da Habitação.
"A direita mostra-se tão envergonhada da sua história recente que, numa tentativa de se unir, teve de ir ao baú recuperar um projeto amarelecido pela antiguidade de mais de 40 anos," criticou Pedro Nuno Santos. "Com este truque, PSD e CDS pretendem fazer esquecer o período em que governaram juntos, entre 2011 e 2015, quando cortaram salários e pensões, fizeram explodir o desemprego e a dívida pública, aumentaram os impostos e privatizaram sem acautelar o interesse público."
"Os portugueses não esquecem, têm boa memória, não se deixam enganar com estes malabarismos - tal como não se esquecem de quando também governaram juntos, entre 2002 e 2004, quando Durão Barroso se foi embora para Bruxelas e deixou o país num caos", atirou.
Para Pedro Nuno Santos, "não é uma 'recauchutada' AD, criada à pressão, que pode esconder o estado em que está o seu parceiro principal, o PSD".
"A verdade é que ninguém conhece o seu projeto para o país. Ao fim de mais de ano e meio sob a liderança de Luís Montenegro, temos o vazio: vazio de projeto, vazio de liderança, vazio de visão; é o vazio de credibilidade, vazio de experiência, e, como todos já percebemos, vazio de decisão", disse.
Pedro Nuno Santos terminou o discurso assumindo que "há ainda muito trabalho pela frente".
"Sabemos bem o que fizemos. E se temos motivos para estar orgulhosos do trabalho feito nestes últimos oito anos, também sabemos assumir, com humildade, perante os portugueses, que nem tudo foi bem feito e que há ainda muito trabalho pela frente," concluiu, prometendo "ouvir o povo, ouvir os trabalhadores e os empresários que, juntos, constroem a riqueza deste país, respeitar os reformados e corresponder às justas aspirações dos jovens".