Pedro Nuno quer "derrotar a direita" e critica Carneiro: "Connosco o PS não vai ser muleta de ninguém"
O antigo ministro avisa que os partidos à direita estão a "preparar-se para se juntar" de modo a discutir as próximas legislativas como um todo.
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O candidato à liderança do PS Pedro Nuno Santos deixou este domingo críticas ao adversário interno José Luís Carneiro por este defender "que o PS deva ser muleta de um governo do PSD, em caso de vitória do PSD" nas eleições antecipadas de março do próximo ano.
"O meu adversário interno tem preferido dirigir ataques a mim, mais a mim do que à direita", atirou em declarações aos jornalistas em Coimbra, lamentando que Carneiro "defenda que o PS deva ser muleta de um governo do PSD, em caso de vitória do PSD".
O ex-ministro socialista garantiu que o seu foco "é derrotar a direita", que diz estar a "preparar-se para se juntar toda para disputar as próximas legislativas", e conseguir "apresentar um projeto mobilizador para continuar a transformar Portugal".
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"Connosco o PS não vai ser muleta de ninguém, vai batalhar nestas eleições para conseguir ganhá-las", vincou em declarações à entrada para uma reunião com as estruturas distritais da sua campanha à liderança nacional do Partido Socialista.
Pedro Nuno Santos lamentou também a "conversa sobre a autonomia estratégica". Lembra que, em 2015, António Costa "derrubou muros à sua esquerda" que permitiu que o PS passasse a ter uma autonomia estratégica "que, até aí não tinha".
"Não deixa de ser paradoxal que, hoje, alguns, nomeadamente o meu oponente interno, queiram voltar a 2014, e em nome da autonomia estratégica restringi-la e reduzi-la. E tornar novamente o Partido Socialista dependente quase exclusivamente da direita e do PSD para governar."
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Nas palavras do candidato a secretário-geral do PS, "não deixa de ser curioso" que os que falam e refletem sobre a autonomia estratégica "só tenham sido ministros ou secretário de estado por causa dessa solução governativa em 2015".
"Se há alguém que sabe como garantir a autonomia estratégia do PS sou mesmo eu. Estive no centro da coordenação durante os primeiros anos da chamada "geringonça" e a minha função não era apenas garantir que os orçamentos passavam. Era garantir que os orçamentos passavam, mas que eles respeitavam a matriz fundamental de valores do PS e o programa do PS", afirmou.
Pedro Nuno Santos diz que não ser a "continuidade de nada nem de ninguém". Descreve-se como alguém que "tem muito orgulho daquilo que este governo conseguiu, mas quer, obviamente, continuar esse caminho, com mudanças que o governo precisa".
"Deste governo em concreto, o meu adversário interno tem o apoio de um ministro, eu tenho o apoio de seis ministros. Eu tenho o apoio de mais do que dois terços da bancada parlamentar do Partido Socialista e da esmagadora maioria das federações do PS. A questão que coloco é: quem é que é herdeiro do quê?".
Pedro Nuno Santos garante que "quer e deseja é unir o partido" e afirma que "largo apoio" que a sua candidatura demonstra é sinal que "o Partido Socialista não está dividido, antes pelo contrário, está unido".
Em Coimbra, Pedro Nuno Santos entende que as críticas de António Costa feitas, ontem, ao presidente Marcelo de Sousa "não interferem em nada" o debate. "António Costa é o secretário-geral do PS e é primeiro-ministro e não está limitado na palavra. Tem toda a liberdade de poder intervir e deve-o fazer no quadro daquilo que entende ser necessário dizer".
Pedro Nuno Santos foi ainda questionado sobre se partilha das críticas feitas ao Presidente da República: "Não quero comentar esse tema. O primeiro-ministro entendeu fazer aquelas declarações. Eu registo e respeito."