O ex-porta-voz do PS afirmou que não fazem sentido entre socialistas lógicas de fratura e de refundação do partido, alegando que muitos dos protagonistas do novo ciclo são os mesmos do passado.
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Paulo Pedroso falava à entrada para a reunião da Comissão Nacional do PS, que terá como principal ponto da ordem de trabalhos a revisão dos estatutos deste partido.
Paulo Pedroso começou por dizer que a atual direção se tem esforçado por fazer oposição ao Governo, mas «o PS deverá mais tarde ou mais cedo fazer um balanço crítico dos governos de José Sócrates, já que é isso que está sobretudo a faltar para se poder olhar mais tranquilamente para o futuro».
«O PS não fala sobre o passado. Deveríamos estar agora a fazer um balanço como o Partido Trabalhista britânico. Tony Blair e José Sócrates fizeram reformas de fundo com aspetos positivos mas outros também questionáveis», apontou o ex-ministro de António Guterres.
Para Paulo Pedroso, seria atualmente «mais saudável se o PS tivesse uma ideia clara em relação a tudo aquilo que pretende continuar e em relação a tudo aquilo que pretende distanciar-se».
«Fazer de conta que é possível refundar um partido 30 anos depois do 25 de abril não faz qualquer sentido, até porque a grande maioria dos protagonistas do atual ciclo também era protagonista do anterior. Não se pode inventar fraturas onde há de facto continuidades», advogou Paulo Pedroso.
Sobre o processo de revisão dos estatutos, Pedroso reiterou críticas feitas ao longo na última semana.
«Neste revisão estatutária há dois sinais errados: o prolongamento dos mandatos dos órgãos, porque o PS, como os partidos em geral têm debate a menos e não a mais, e as eleições diretas não deverão realizar-se por método maioritário, mas sim por método de hondt em caso de pluralidade de listas», apontou.