Presidente da República aguarda resposta do Parlamento para saber se irá ao Mundial do Catar apoiar a seleção nacional.
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Marcelo Rebelo de Sousa esclareceu esta sexta-feira que só irá em visita presidencial ao Catar com autorização da Assembleia da República. O pedido já foi feito, agora aguarda autorização.
"Pedi à Assembleia da República que autorizasse e referi três ou quatro coisas fundamentais. Tenho previsto passar pelo Egito para me encontrar com o Presidente Sisi. Há aqui vários fatores, um deles é não haver posições diferentes entre os diversos órgãos de soberania. É o que tenho feito e fiz noutros países que não têm regimes democráticos com os quais temos relações diplomáticas", explicou Marcelo.
Quando estiver no país anfitrião do Mundial, o chefe de Estado promete dizer o que pensa sobre os direitos humanos no Catar.
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"É muito difícil falar do futuro das sociedades sem falar da democracia e direitos humanos.
Espero para saber qual é a posição dos vários partidos e a posição global do Parlamento nesta matéria. Não tenho visto muitos chefes de Estado a serem tão veementes sobre o que se passa em termos de direitos humanos no Catar. Fiz bem em levantar a questão", defende o Presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa explicou, na quinta-feira, que iria marcar presença no Portugal-Gana, primeiro jogo da seleção portuguesa na fase de grupos, marcado para dia 24 deste mês.
Embora as autoridades do Qatar neguem, várias organizações apontam para milhares de mortes naquele país entre 2010 e 2019 em trabalhos relacionados com o Mundial, com um relatório do jornal britânico The Guardian, de fevereiro deste ano, a cifrar o valor em 6.500 óbitos, número que muitos consideram conservador.
Além das mortes por explicar, o sistema laboral de'kafala e os trabalhos forçados, sob calor extremo e com longas horas de trabalho, entre outras agressões, têm sido lembradas e expostas há anos por organizações não-governamentais e relatórios independentes.
Ao longo dos últimos anos, numerosas organizações e instituições têm apelado também à defesa dos direitos de adeptos, e não só, pertencentes à comunidade LGBTQIA+, tendo em conta a perseguição de que são alvo no Qatar.
Várias seleções, como Dinamarca, Austrália ou Estados Unidos, posicionaram-se ativamente contra os abusos ou a favor da inclusão e proteção, quer dos migrantes quer da comunidade LGBTQIA+, tanto a viver no país como quem pretenda viajar para assistir aos jogos.
O Campeonato do Mundo masculino de futebol vai decorrer entre 20 de novembro e 18 de dezembro, com a seleção portuguesa apurada e inserida no grupo H, com Uruguai, Gana e Coreia do Sul.