O primeiro-ministro considerou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) manifesta incoerência e inconsistência sobre Portugal e que a 'troika' poderia ter sido mais realista na revisão das metas para 2012 e 2013.
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Durante uma entrevista à TVI e à TSF, questionado sobre o facto de a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, ter admitido que Portugal deveria ter tido mais tempo para fazer a consolidação orçamental, Pedro Passos Coelho respondeu: «Realmente é um bocadinho estranho, e não é só o português em média que estranhará esse tipo de afirmações».
«No Governo também estranhamos, porque significa que a estrutura de topo do FMI não é coerente com aquilo que o seu nível técnico dispõe quando faz as negociações no âmbito da 'troika'. Isso é uma inconsistência que torna mais difícil perceber a perspetiva do FMI nesta altura», acrescentou.
Nesta entrevista, o chefe do executivo PSD/CDS-PP voltou a defender que «houve um erro» no programa de resgate a Portugal, «que não tem a ver com a maneira como esse programa estava concebido, mas com as metas que estavam fixadas em termos quantitativos».
Segundo Passos Coelho, a explicação para «esse erro» é que «não havia na altura a perspetiva de que, quer o défice de 2010, quer a previsão de défice para 2011, se afastassem tanto daquilo que na altura eram as previsões que tinham sido feitas quer pelo Governo [do PS] quer por essas entidades [troika]».
No entender do primeiro-ministro, «esse erro deveria ter sido corrigido posteriormente de forma mais pronunciada, foi um pouco corrido, mas não suficientemente corrigido».
Passos Coelho referiu que «o próprio PEC IV [programa chumbado pela oposição no parlamento em 2011, o que levou à queda do anterior executivo do PS] apontava mesmo uma meta de défice para 2011 de 4,5 por cento, totalmente irrealista».
«O FMI, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia aperceberam-se posteriormente desse irrealismo de partida e em 2012 aceitaram fazer um reajustamento dessas metas. Julgo que nesse reajustamento poderia ter havido um pouco mais de realismo, quer para 2012, quer para 2013. É pena que o FMI não tivesse nessa altura essa perspetiva que é hoje afirmada pela sua diretora geral», concluiu.