Paulo Portas apelou ao PS para que aprove as alterações constitucionais necessárias para acolher o que foi decidido em Bruxelas quanto à disciplina orçamental.
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«Sempre fui favorável a que, em matérias como a política europeia, os partidos fizessem um esforço para evitar disputas internas» e pensassem «primeiro no interesse nacional», começou por dizer o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros esta sexta-feira, numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo alemão, Guido Westerwelle, em Lisboa.
Paulo Portas lembrou que «os partidos do arco europeu são tradicionalmente três em Portugal» para defender que é necessário um compromisso da «oposição democrática», sobretudo no momento em que Portugal se encontra.
«Acho que seria bom que houvesse um entendimento sobre o essencial da questão europeia para que, mais uma vez, Portugal seja visto como um país que actua concertadamente, como um país que é responsável e que tem dirigentes políticos à altura das circunstâncias», disse.
Este apelo do PS para que dê os votos necessários à revisão constitucional esbarra, para já, na figura de António José Seguro.
Os jornalistas perguntaram mas ficaram sem saber se o referendo às novas normas europeias que ai vêm tem ou não a concordância dos ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal e da Alemanha.
«É melhor ter um acordo do que não ter um acordo», disse apenas Paulo Portas, considerando que este acordo é a forma mais simples de lidar com o problema do euro.
«Um tratado intergovernamental é mais rápido e mais simples, a Europa não pode gerir mal o tempo e o tempo em economia é precioso para a recuperação da confiança», evitando assim «sobressaltos políticos», afirmou.
Paulo Portas assumiu que sempre defendeu a inclusão na Constituição de um limite ao défice.
«É importante que leis fundamentais do Estado contenham um limite à dívida pública», porque «as dívidas de hoje são impostos de amanhã», defendeu.
Paulo Portas assegurou ao ministro alemão que Portugal é um país que cumpre a palavra e honra as dívidas. Por isso, aproveitou para pedir a Berlim mais empresas como a Autoeuropa para Portugal.
O ministro alemão dos Negócios Estrangeiros aproveitou para falar, em inglês, sobre a recusa do Reino Unido em subscrever um tratado europeu sobre disciplina orçamental.
«Claro que lamentamos que nem todos os países da UE tenham aderido a este modelo que vai proporcionar uma maior estabilidade na União, mas o convite mantém-se também para aqueles países da UE que neste momento hesitaram», afirmou.
«Vamos tentar convencê-los de que o caminho para a estabilidade da União não pode ser feito apenas tendo em conta o interesse de alguns países, mas sim os interesses de toda a União», rematou Guido Westerwelle.