Projeções económicas: Medina otimista, PSD diz que ministro nem teve tempo de mudar discurso
No Parlamento, Jorge Paulo Oliveira atirou que os dados da Comissão Europeia são "tão quentinhos, tão quentinhos", que não deram margem para "atualizar o discurso".
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As projeções da Comissão Europeia para a inflação e para o crescimento da economia Portugal parecem não afetar o ministro das Finanças. O PSD ainda tentou "picar" Medina, dizendo-lhe esta tarde, no parlamento, que são dados "tão quentinhos, tão quentinhos" que o ministro nem teve tempo para "atualizar o discurso do Governo", mas parece ter pouco efeito.
Na audição na Comissão de Orçamento e Finanças, que acontece esta sexta-feira no âmbito da discussão na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), Fernando Medina viu o copo meio cheio, mesmo perante um orçamento apresentado "em tempos de grande incerteza e adversidade".
O confronto de ideias chegou por Jorge Paulo Oliveira, do PSD. "A Comissão Europeia reviu hoje mesmo em alta a inflação, apontando em termos acumulados para os 14,3%. São dados quentinhos que vêm em dia não para o Governo. Tão quentinhos, tão quentinhos, que não deram tempo ao senhor ministro para atualizar o discurso do Governo."
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Ora, sem comentar diretamente o argumento social-democrata, Medina respondeu com otimismo: "Segundo as projeções hoje apresentadas, Portugal crescerá mais do que a União Europeia." Bruxelas prevê, para este ano, um crescimento de 6,6% do PIB português, em contraste com os 3,3% previstos para a UE.
Medina assinala que a "diferença significativa das projeções da Comissão face às que o Governo inscreveu no OE" passa pela "procura externa dirigida à economia portuguesa". Ou seja, as projeções em relação a Portugal são apresentadas, "num contexto de grande incerteza, por estimativa de maiores dificuldades dos nossos parceiros comerciais". Nestes, por exemplo, insere-se a Alemanha, que já fala em recessão.
O ministro das Finanças afirmou também que o choque de preços vai continuar a marcar a vida de todos, uma vez que, apesar de se prever uma redução no próximo ano, a inflação continuará elevada.
"A inflação é uma das variáveis mais difíceis de antecipar, mas é seguro afirmar que o choque de preços continuará a marcar a vida de todos", disse Fernando Medina, assinalando que as últimas previsões antecipam uma descida da inflação em 2023, colocando-a em níveis ainda elevados, entre os 4% e os 5,8%.
"Vários indicadores apontam para reduções de preços de transportes e matérias-primas nos mercados internacionais, que terão certamente impactos estruturais na formação dos níveis de preços, sendo ainda cedo a avaliação dos seus impactos", apontou.
Fernando Medina destacou ainda que os bancos centrais deverão prosseguir a subida das taxas de juros.
"Nas previsões disponíveis de mercado, poderão subi-las [as taxas de juro] ainda em 2023, colocando-as no valor mais elevado em vários anos. Este é um desafio que convoca Estado, bancos, famílias e empresas a um novo contexto da política monetária no qual teremos que viver", vincou.
Ainda assim, o ministro da tutela, perante os dados disponíveis, acredita que Portugal "está em condições de voltar a ter em 2023 uma economia com melhor desempenho entre as economias europeias".