"Queremos professores felizes." Docentes e alunos fazem cordão humano em Lisboa por melhores condições
Infiltrações nas salas e falta de condições materiais e laborais são as principais preocupações dos professores. A TSF esteve esta manhã em Alvalade e na Penha de França a acompanhar os protestos dos profissionais do ensino.
Corpo do artigo
Uma greve de professores que se vai prolongar durante 18 dias arranca esta segunda-feira e realiza-se por distritos, começando em Lisboa. Na Penha de França, alunos e professores juntaram-se num cordão humano, entre as escolas secundárias Luísa de Gusmão e Nuno Gonçalves. São contestadas as condições materiais e laborais a que os docentes e alunos estão sujeitos. "Não há condições nas salas de aula, metade da biblioteca está fechada, temos infiltrações nas portarias, nos balneários dos alunos, o feminino está fechado, por exemplo", revelou à TSF João Sousa, professor de educação especial neste agrupamento.
Também a alteração do sistema de vínculos e a organização de carreiras em escalões são aspetos que preocupam os professores. "Ao longo da carreira há docentes que demoram 15 a 20 anos de serviço para vincularem e afetarem alguma escola", acrescentou.
TSF\audio\2023\01\noticias\16\rui_sid_09h
Em Alvalade, na Escola Eugénio dos Santos, os efeitos da greve também se fazem sentir. "Participo neste protesto, primeira vez em 21 anos estou a manifestar-me, porque estou contra tudo o que está a acontecer", contou Ana, uma professora de educação física, em declarações à TSF.
Ana também é mãe e o seu filho também está sem aulas, mas, apesar de perceber a preocupação dos pais, relembrou que "queremos professores mais capazes, queremos professores felizes".
"Este protesto pode ir até que haja alguma coisa que nos faça mudar, até que o governo mude as políticas", afirmou.
TSF\audio\2023\01\noticias\16\rui_cid_08h
Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, disse esta segunda-feira que a adesão à greve de professores no distrito de Lisboa é "superior a 90%", com muitas escolas fechadas, e acusou as autoridades de enviarem inspetores aos estabelecimentos durante a manhã.
Em declarações à TSF, Mário Nogueira referiu que o governo está a "atirar areia sobre os olhos das pessoas" e censurou a atitude do Ministério na resolução de problemas. "Em vez de enviar um documento para que o possamos apreciar e chegar à reunião em condições de o discutir, manda umas dicas e generalidades para a comunicação social que não dizem nada", afirmou.
A greve foi convocada por uma plataforma de oito organizações sindicais: Fenprof, a ASPL, a Pró-Ordem, o SEPLEU, SINAPE, SINDEP, SIPE e SPLIU.
Depois do primeiro dia em Lisboa, a paralisação prossegue em Aveiro, Beja, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Leiria, Portalegre, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real, Viseu, terminando no Porto no dia 8 de fevereiro.
À semelhança do que vai acontecer em Lisboa, estão previstas concentrações nas capitais de distrito para o dia em que estiverem em greve.
Esta greve realiza-se ao mesmo tempo em que decorrem outras duas paralisações: uma greve por tempo indeterminado, convocada pelo Sindicato de Todos os Professores (STOP), que se iniciou em 9 de dezembro e vai manter-se, pelo menos, até ao final do mês, e uma greve parcial ao primeiro tempo de aulas convocada pelo Sindicato Independente de Professores e Educação (SIPE), que deverá prolongar-se até fevereiro.