O BE analisa a demissão de António Brigas Afonso como uma prova da existência de uma lista de contribuintes VIP e quer ouvir as explicações do próprio no parlamento. O PSD também. O PS insiste na audição de Paulo Núncio com caráter de urgência. PCP avisa que será «gravíssimo» caso haja relação entre Paulo Núncio e lista VIP. O CDS assegura que a ordem para a criação dessa lista não partiu do Governo.
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O Partido Socialista classifica a demissão do Diretor geral da Autoridade Tributária e Aduaneira como um «assunto muito grave e demasiado sério», para não ser devidamente esclarecido. João Galamba reagiu assim à notícia em nome do PS, acrescentando que mais uma vez o Governo está a culpar os serviços em vez de assumir a sua.
Para o deputado socialista, esta demissão vem também desmentir as afirmações feitas por três responsáveis políticos: o primeiro-ministro, a ministra das Finanças e o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, que sempre negaram a existência de uma lista VIP de contribuintes. Insatisfeitos com as declarações feitas hoje por Paulo Núncio, os deputados socialistas entregaram um requerimento para que ele seja ouvido no Parlamento com caráter de urgência.
Para o Bloco de Esquerda não existem dúvidas. A demissão do Diretor Geral da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) só vem demonstrar que a alegada lista VIP de contribuintes existe mesmo. Pedro Filipe Soares considera que a saída do responsável da AT é «uma assunção de culpa».
O líder da bancada parlamentar do BE sublinha que esta saída vem contrariar tudo o que o primeiro-ministro e o secretário de Estados dos Assuntos Fiscais disseram até agora, desmentido sempre a existência da referida lista.
Se «dois dias depois de ter iniciado um auditoria, vemos uma dos responsáveis máximos desta matéria a demitir-se», é porque, nas palavras de Pedro Filipe Soares, há «de facto uma clara assunção de culpa e um desmentido». O Bloco de Esquerda, nesta reação, anunciou também que pretende ouvir António Brigas Afonso no parlamento.
O PSD também já reagiu. Para o partido do Governo ainda não é totalmente claro que haja uma lista VIP de contribuintes. O PSD, através do deputado Duarte Pacheco, fez saber que quer ouvir no Parlamento o diretor agora demissionário, porque é importante que António Brigas Afonso explique porque é que deu uma informação ao Governo, da não existência da lista, que pode não ser 100% verdade.
O PCP advertiu hoje que o país estará perante «um caso de extrema gravidade» caso se confirme que o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais terá dado instruções para a criação de uma lista de contribuintes VIP.
Esta posição foi assumida pelo deputado comunista Paulo Sá, no parlamento, que diz que este episódio, «aparentemente, vem confirmar a existência de uma lista VIP, que foi negada pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, na semana passada».
«É preciso saber como foi criada esta lista VIP de contribuintes - e há notícias que indicam que terá sido criada por iniciativa do Governo, por intermédio do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais [Paulo Núncio], que terá ele próprio dado orientações à Autoridade Tributária e Aduaneira para criar essa lista. Se isso se confirmar, estamos perante uma situação de extrema gravidade, porque é intolerável que o Governo atue desta forma», avisou o deputado do PCP.
O CDS garante que o Governo nunca pediu nem deu instruções para listas especiais. Esta é a certeza dada pela deputada Cecília Meireles. O CDS quer que a situação fique cabalmente esclarecida, mas assegura que a ordem para a criação dessa lista não partiu do Governo.