Recuo na linguagem inclusiva. "Há qualquer coisa na Defesa que não está a funcionar"
A Associação Nacional de Praças considera que o recuo do Ministério da Defesa na questão da comunicação inclusiva denuncia falhas da Tutela.
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A Associação Nacional de Praças considera que algo está a falhar no Ministério da Defesa, depois de o ministro João Gomes Cravinho ter anulado a diretiva sobre linguagem inclusiva nas Forças Armadas. O documento gerou controvérsia, e Paulo Amaral, presidente da associação de praças, entende que algo não correu bem na tutela política dos militares.
"Há qualquer coisa na orgânica do Ministério da Defesa nacional que não está a funcionar como deveria funcionar e como é solicitado a todos os militares", já que são pedidas "seriedade e disciplina" aos profissionais da Defesa, justifica Paulo Amaral, em declarações à TSF.
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A diretiva emitida pelo Executivo aparecia assinada pela secretaria-geral do Ministério da Defesa Nacional e determinava a utilização da linguagem não discriminatória nas Forças Armadas, em documentos oficiais, comunicações e no material de relações públicas.
Mas, após divulgação e subsequente contestação entre os militares, a Defesa Nacional decidiu recuar. "Tendo sido uma diretiva que saiu do Ministério da Defesa, ficámos agora a saber pelas notícias que voltaram atrás", conta Paulo Amaral. "O senhor ministro da Defesa aparentemente não tinha conhecimento de que esta diretiva tinha sido enviada aos ramos das Forças Armadas", conclui.
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Para o representante da associação de praças, "seguramente há problemas mais prioritários para serem resolvidos, mas, ao longo de uma semana, falou-se imenso nesta diretiva da comunicação". Por isso, Paulo Amaral garante que, "por agora", a associação dará "por encerrada esta diretiva da comunicação inclusiva".
Os praças, tal como os oficiais e os sargentos, não gostaram de ler a diretiva que a TSF deu a conhecer esta semana, mas mostram-se disponíveis para uma questão ampla.
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"Estes assuntos que abrangem um pouco a questão socioprofissional dos militares deveriam ser alvo de uma discussão ampla e em que as associações profissionais militares também tivessem o direito de darem a sua opinião." Paulo Amaral espera que, se o assunto aflorar de novo, haja a "boa vontade de colocar as associações profissionais a falar sobre isto".
"Estamos cá para fazer parte da solução e nunca do problema", afiança o representante dos praças. Contactado pela TSF, para explicar este recuo, o gabinete do ministro da Defesa explicou que João Gomes Cravinho não tem declarações a fazer.
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