Relvas só soube da «situação» do seu adjunto no dia em que apresentou demissão
O ministro Miguel Relvas afirmou hoje só ter ficado a saber da «situação» do seu adjunto no dia em que aquele apresentou demissão, não tendo «conhecimento» de «relacionamentos» do seu gabinete com os serviços secretos ou ex-titulares desses serviços.
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«Só soube da situação do meu adjunto quando ele me comunicou na última sexta-feira que se iria demitir. Ele foi muito claro e com grande dignidade, na nota pública. Teve iniciativa de me pedir a demissão e eu aceitei», afirmou o ministro dos Assuntos Parlamentares.
Miguel Relvas falava na comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, em resposta a uma pergunta do deputado comunista João Oliveira.
Ainda sobre a demissão do seu adjunto, o ex-jornalista Adelino Cunha, na sexta-feira, depois de ter sido conhecido o despacho de acusação em que são relatados sms com o ex-diretor do SIED, Jorge Silva Carvalho, Miguel Relvas disse que não tinha conhecimento dessas comunicações.
«Sobre relacionamentos do meu gabinete com serviços ou com o ex-SIED a minha resposta é a mesma que aqui disse: não tinha conhecimento», afirmou.
Nessa nota, Adelino Cunha afirma ter mantido, por sua iniciativa, contactos com o ex-diretor SIED durante o período em que exerceu funções no gabinete do ministro Miguel Relvas.
Esta decisão foi anunciada no mesmo dia em que a revista Sábado noticiou, na sua edição online, que o Ministério Público encontrou mensagens trocadas com o ex-jornalista Adelino Cunha nos telemóveis de Jorge Silva Carvalho em setembro de 2011.
João Oliveira confrontou também o ministro com o despacho de acusação, em que é referido o «envio de informações a dirigentes do universo político partidário» por parte de Silva Carvalho, mas sem referir quais são essas pessoas, remetendo para os apensos, que não foram enviados aos deputados.
Miguel Relvas, que enviou o despacho à primeira comissão, disse não ter tido acesso aos apensos e não se ter constituído como assistente no processo.
«Não sei quem são os outros dirigentes partidários», afirmou, salientando que o seu nome «não é citado no despacho».
João Oliveira questionou ainda Miguel Relvas com a sua relação com o jornalista Nuno Simas, tendo Miguel Relvas respondido que falou com o atual diretor da agência Lusa sobre Silva Carvalho, conforme «é público».
«O doutor Nuno Simas e eu somos vítimas», afirmou, considerando que antigo jornalista do Público «foi vergonhosamente espiado».