O tribunal absolveu hoje os dois profissionais de saúde julgados no processo relacionado com cegueira total ou parcial de seis pessoas no Hospital de Santa Maria, em julho de 2009.
Corpo do artigo
O farmacêutico Hugo Dourado e a técnica de farmácia Sandra Baptista, que começaram a ser julgados em março de 2012 na 7.ª Vara Criminal de Lisboa, foram acusados pelo Ministério Público da prática de seis crimes de ofensas corporais por negligência.
Os seis pacientes ficaram parcial ou totalmente cegos depois de lhes terem sido administradas injeções intraoculares, supostamente com medicamento adulterado.
No acórdão lido hoje, o coletivo de juízes considerou que «não houve negligência dos arguidos e que as causas de contágio do farmáco são possíveis» e sublinhou que «existem muitas variáveis no processo e opiniões diferentes de médicos e técnicos».
O tribunal entendeu que «a prova documental e testemunhal não permite identificar com rigor quem preparou o farmáco» administrado nos seis doentes, provocando-lhes a cegueira parcial ou total, «uma vez que os medicamentos eram preparados na véspera e ficavam várias horas num tabuleiro, podendo sujeitar-se a contágio».
Em reação, Maria Antónia, uma das doentes que ficou cega, revelou à TSF que não ficou surpreendida com este desfecho, admitindo, no entanto, que a decisão do tribunal fosse noutro sentido.