Sindicato dos médicos lamenta Medina "deslumbrado com as alcatifas de Bruxelas"
Segundo o dirigente sindical, no encontro de negociação desta segunda-feira não foi concretizada qualquer proposta formal de alteração das grelhas salariais dos médicos.
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O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) lamentou esta segunda-feira que o ministro das Finanças esteja "deslumbrado com as alcatifas de Bruxelas", a quatro dias de terminarem negociações sem que o Governo formalize uma proposta de grelhas salariais.
"Temos a maior das dúvidas que o Dr. Medina tenha a perceção daquilo que está a acontecer no Serviço Nacional de Saúde (SNS), perfeitamente deslumbrado com as alcatifas de Bruxelas", disse à Lusa o secretário-geral do SIM, após mais uma reunião no âmbito das negociações laborais que se iniciaram em 2022.
Segundo Jorge Roque da Cunha, no encontro desta segunda-feira não foi concretizada nenhuma proposta formal de alteração das grelhas salariais dos médicos, ficando marcada a "reunião decisiva" para quinta-feira, que será a última deste processo negocial, que termina no final do mês.
"Pela forma como decorreu a reunião, o problema está na incapacidade que o Dr. Pizarro [ministro da Saúde] tem demonstrado em fazer sentir ao Ministério das Finanças que há 1,7 milhões de portugueses sem médico de família e longuíssimas listas de espera" para consultas e cirurgias, salientou o dirigente sindical.
Roque da Cunha adiantou ainda que o Ministério da Saúde se comprometeu a apresentar a sua proposta antes da reunião de quinta-feira, mas o SIM vai reunir na sexta-feira o seu Conselho Nacional para deliberar quais as medidas que vai adotar.
"Voltamos a reiterar que o recurso à greve é algo que não desejamos, mas infelizmente tudo está a decorrer para que isso possa acontecer", alertou o secretário-geral do SIM.
Estas negociações tiveram o seu início formal já com a equipa do ministro Manuel Pizarro, mas as matérias a negociar foram acordadas ainda com a anterior ministra, Marta Temido, que aceitou incluir a grelha salarial dos médicos do SNS no protocolo negocial.
Em cima da mesa estão, assim, as normas particulares de organização e disciplina no trabalho, a valorização dos médicos nos serviços de urgência, a dedicação plena prevista no novo Estatuto do SNS e a revisão das grelhas salariais.
No início de março, os médicos realizaram uma greve de dois dias convocada pelos sindicatos que integram a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) para exigir a valorização da carreira e das tabelas salariais, mas que não contou com o apoio do SIM, que se demarcou do protesto por considerar que não se justificava enquanto decorrem negociações.
No início de junho, a Fnam anunciou uma nova greve para 5 e 6 de julho, alegando que o Governo continua sem apresentar uma proposta de aumentos salariais a menos de um mês do fim das negociações.