Médicos e administração do Santa Maria negoceiam sem obrigação de ir para o S. Francisco Xavier
Conselho de Administração do Santa Maria garantiu que não vão ser feitas alterações às férias dos médicos e que só serão deslocadas para o São Francisco Xavier "três equipas de urgência".
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A delegação da Ordem dos Médicos Sul que se reuniu esta segunda-feira com os médicos do Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina de Reprodução do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) que se demitiram acredita que os médicos estão "abertos a encontrar soluções" e diz ter recebido do Conselho de Administração do hospital "a mensagem de que estão abertos à comunicação".
Em declarações aos jornalistas à saída do encontro, Luís Campos Pinheiro, representante da ordem nesta reunião, explicou que todo o processo, que levou à demissão dos cargos cinco chefes de equipa da urgência de Obstetrícia e Ginecologia do centro hospitalar, que integra os hospitais de Santa Maria e Pulido Valente "decorreu sempre mal" ao nível da comunicação.
No dia 19, o CHULN divulgou a decisão de afastar a direção do Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina de Reprodução (que inclui Diogo Ayres de Campos e a diretora de Obstetrícia, Luísa Pinto), alegando que a estrutura vinha a assumir posições que, "de forma reiterada, têm colocado em causa o projeto de obra e o processo colaborativo com o Hospital São Francisco Xavier, durante as obras da nova maternidade do HSM [Hospital Santa Maria]".
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O que está previsto é que, enquanto o bloco de partos do Hospital de Santa Maria estiver fechado para obras - nos meses de agosto e setembro -, os serviços fiquem concentrados no Hospital S. Francisco Xavier (Centro Hospitalar Lisboa Ocidental), que encerrava de forma rotativa aos fins de semana e, a partir de 1 de agosto, volta a funcionar ininterruptamente sete dias por semana.
Agora, Luís Campos Pinheiro diz ter recebido a garantia de que só vai trabalhar para o Hospital S. Francisco Xavier quem quiser - ou seja, acontece "voluntariamente" - e de que não haverá "alteração das férias". O representante da OM adiantou ainda que ficou "bem claro" que não vão ser retiradas as horas extraordinárias aos profissionais de saúde.
"Foi esse o compromisso que o Presidente do Conselho de Administração me deu, que eu podia transmitir àquela assembleia, àquela reunião de médicos, de que esses três pontos não estavam em causa", garantiu.
Só "três equipas de urgência" serão deslocadas para o S. Francisco Xavier - garantia dos administradores -, mas antes os médicos querem saber se "as condições do hospital são as adequadas ao exercício da profissão", pedido a que o Conselho de Administração também acedeu.
Por agora, e apesar das conversas e negociações, há ainda quem exija que seja revertida a demissão de Ayres de Campos, com a OM a reconhecer que o processo "decorreu sempre mal, com falta de comunicação".
Os médicos "tinham a ideia de que o ex-diretor tinha sido demitido na sequência da carta de demissão. Não foi isso que me foi dito pelo Conselho, e transmiti essa ideia, mas é um facto que alguns médicos consideram esse um ponto essencial", revelou Luís Campos Pinheiro.
A delegação da OM foi composta pela secretária do Conselho Regional do Sul, Sandra Carmo Pereira, e pelo tesoureiro do Conselho Regional Sul, Luís Campos Pinheiro, "na impossibilidade de estar presente o presidente deste órgão", revelou a organização este fim de semana.
Na passada sexta-feira, a direção clínica do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte anunciou que iria "assumir as suas competências" e garantia a normalidade da atividade do Serviço de Obstetrícia do Santa Maria, "não devendo haver qualquer receio por parte da população".